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Enviada em: 11/05/2018

O conto infantil "A bela adormecida" relata a estória de uma princesa que foi enfeitiçada aos 15 anos para ficar em sono profundo, mas só com o beijo de um príncipe a maldição seria quebrada e assim, seriam felizes para sempre. Fora do campo artístico, nota-se, hoje, ainda a ingenuidade em muitos adolescentes, sobretudo meninas, que por falta de informações corretas sobre a vida sexual são "enfeitiçadas" por a vida toda. Nessa perspectiva, cabe distinguir a vulnerabilidade social e a cultura do "silêncio" atrelada a sexualidade como influenciadoras da gravidez na adolescência no Brasil.           É importante, antes de tudo, entender que a cultura do "silêncio" na base familiar a respeito de uma vida sexual ativa está como mentora da gravidez na adolescência no Brasil. Isso decorre porque, há, muitas vezes, falta de diálogo entre os responsáveis pelo jovem e ele sobre os riscos da gravidez na adolescência, logo, essa função é transferida para a escola. Em decorrência, ela fica sobrecarregada com todo aparato educacional na formação do adolescente, o que resulta em lacunas, por falta de apoio social. Essa situação pode ser associada às características da sociedade patriarcal, em que conversas, principalmente sobre sexualidade, eram vetadas, por ser considerada desonra contra a integridade familiar.       Convém pontuar, também, a vulnerabilidade social como precursora da gravidez na adolescência. Isso porque, no Brasil, a condição socioeconômica do jovem não é responsabilidade efetivada pelo Estado. Dessa forma, muitos adolescentes vivem em contexto de rua à mercê da venda do corpo, por motivo de sobrevivência, assim, várias meninas são acometidas pela gravidez. Consequentemente, elas não recebem apoio sócio-político e, muitas, passam a lidar com dificuldade no desenvolvimento psicossocial, ou seja, devido aos julgamentos da comunidade são ainda mais excluídas dos serviços estatais. Tal fato pode ser observado no índice de adolescentes grávidas no país, das quais mais da maioria são casos de meninas em situação de rua, segundo o Ministério da Saúde, em 2016, aproximadamente 600 mil gravidezes eram provenientes de jovens.       Ressalta-se, portanto, que há necessidade de esclarecimento a respeito da gravidez na adolescência e o combate a vulnerabilidade social no Brasil. Para isso, é crucial a preparação dos professores, por meio do MEC, para receberem pais e alunos na escola, com o objetivo de conscientizar sobre os riscos da gravidez na adolescência. Ademais, deve haver a denúncia explícita à sociedade da vulnerabilidade as quais os jovens em situação de rua convivem, feitas por ONGs, e assim o Estado cumprir com o dever de abrigá-los e investir em políticas sócio-educativas. Desse modo, todo esse envolvimento a fim de construir uma sociedade menos idealizada como no conto.