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Enviada em: 09/05/2018

No perpassar da história, a maternidade precoce se constituiu um aspecto naturalizado no tecido social, haja vista que o matrimônio, majoritariamente, firmava-se com meninas ainda muito jovens. Todavia, a mulher, que passou a vislumbrar novas perspectivas de vida, assumiu papéis sociais diferentes. Na contemporaneidade, a adolescência, fase de descobertas e de construção identitária, pode induzir à tomada de decisões impensadas com fins irreversíveis. Nesse cenário, há fatores sociais e psicológicos que não podem ser negligenciados no contexto da gravidez na adolescência.          Em primeira análise, cabe pontuar a fragilidade socioeconômica como impulsionadora da problemática. De acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, 76% das adolescentes que têm filhos não estudam. Sob tal égide, verifica-se que a evasão escolar, vinculada à desigualdade social e à ausência de suporte da família, são questões que permeiam a gravidez na adolescência, que possui como aliada a baixa adesão aos métodos contraceptivos. Diante disso, constata-se a necessidade do estímulo às políticas públicas que proporcionem alternativas educacionais e culturais para que as jovens possuam projetos de futuro.           Outrossim, é válido salientar as implicações psicológicas que envolvem a maternidade precoce. Predomina entre as jovens o sentimento de onipotência, isto é, que elas estão acima do risco de engravidarem, em consonância com a dificuldade de tomar decisões a longo prazo. Nesse viés, a desigualdade de gênero se faz presente, tornando as meninas submissas aos seus companheiros, que podem usar o ato sexual e a gravidez como afirmação de masculinidade. Em face disso, perpetuam-se as consequências nefastas, como a gravidez de risco, os nascimentos prematuros, a desnutrição, a hipertensão e a vulnerabilidade psicológica.             Mediante esse cenário, é indubitável que aspectos psicossociais estão inseridos na questão da gravidez adolescente. Afim de atenuar tal quadro, é necessário que o Poder Público forneça políticas sociais eficientes, oferecendo possibilidades educacionais e culturais para jovens, bem como acompanhamento pré e pós-parto. Ademais, é essencial a inserção da disciplina Educação Sexual na grade curricular das escolas, contemplando, por intermédio de oficinas, palestras e debates em sala de aula, a discussão sobre a sexualidade e o empoderamento do adolescente. Feito isso, o ideal do sociólogo brasileiro Paulo Freire será consolidado: a educação como agente de transformação social.