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Enviada em: 18/05/2018

De acordo com a socióloga brasileira Marilena Chauí, a democracia deve ser um sistema de direitos igualitários para todos, sem ações que prejudiquem um grupo em prol de outro. No entanto, esse regime é dificilmente efetivado no setor social, haja vista que essa área apresenta desafios que favorecem o dilema da gravidez na adolescência no Brasil. Tais déficits advém do arcaico modelo educacional e da mentalidade da população, sendo preciso analisar tal problemática.   Em primeiro plano, é necessário ressaltar que a falta de informação está entre as causas dessa temática. Pode-se pontuar, inicialmente, a concepção do filósofo francês Michel Foucault, a qual evidencia que o poder é a base inevitável de todas as relações humanas. Seguindo essa ótica, o conhecimento se mostra como um instrumento de poder, dado sua capacidade de promover intervenções socioespaciais. Dessa maneira, a manutenção do programa de ensino vigente, no qual é priorizado a didática das matérias que serão abordadas em provas, em detrimento de aulas de saúde íntima, as quais discorram sobre temas como gravidez e métodos contraceptivos, tende a intensificar, consideravelmente, os índices dessa problemática no país, ao passo que os jovens, por não possuírem um entendimento concreto desse assunto, acabam, por conseguinte, negligenciando-o.    Acresce-se a isso, a importância em retratar o estigma da sociedade como corroborador da gravidez infanto-juvenil. Ademais, conforme a teoria do sociólogo parisiense Durkheim, o fato social é uma maneira de agir e pensar dotado de exterioridade, coercivismo e generalização. Seguindo essa vertente, uma vez que uma criança presencia pelo seu núcleo familiar o pensamento do sexo na adolescência como algo pervertido, tenciona-se a adotar essa ideologia também por vivência em grupo, o que, por sua vez, inclina-se a suprimir as discussões acerca desse ato. Sendo assim, a perpetuação desse modo de se orientar, difundido entre as pessoas, atua como impugnador da supressão da gravidez infantil, à medida que acentua a escassez da sapiência, entre os cidadãos, a respeito do sexo.   Consoante ao mencionado, fica evidente, portanto, que existem obstruções para que haja o declínio das taxas de gestação juvenil no Brasil, sendo preciso intervenção. Desse modo, o Ministério da Educação, mediante a Secretaria de Educação Básica, deve criar cartilhas digitais sobre os métodos de prevenção à gravidez, tal como no tocante da saúde íntima, no intuito de conscientizar a população das implicações da gestação não planejada, e disseminar nas mídias sociais, como também, incluir aulas relativas ao ato do sexo na matriz curricular das escolas, visando, assim, possibilitar uma maior compreensão das pessoas às consequências dessa ação, a fim de minimizar as taxas de gravidez indesejada no país. Posto isso, em médio prazo, essa questão irá se declinar gradualmente.