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Enviada em: 03/04/2018

O movimento literário do século XVIII, que ficou conhecido como arcadismo, destaca-se pelo uso de frases latinas, como "carpe diem" cujo significado se refere ao "viver intensamente". Nesse sentido, observa-se que no Brasil contemporâneo, diante do aumento dos casos de gravidez precoce, os jovens seguem essa máxima sem mensurar as consequências.              Mormente, percebe-se que a vulnerabilidade social corrobora para tal problemática. Isso porque, indivíduos com difícil situação socioeconômica apresentam, na maioria das vezes, baixa escolaridade, falta de informação e planejamento familiar. Além disso, nota-se que grande parte dos adolescentes, embora saiba da existência de preservativos, ou os utiliza de maneira errônea, tendo em vista a imaturidade, ou optam por não usá-los devido à objeção do parceiro. Por exemplo, consoante a oficial do programa para juventude do Fundo de População das Nações Unidas (UNFPA) Anna Cunha, a incidência de gestação na adolescência é mais comum entre grupos de maior instabilidade financeira Por conseguinte, o índice de evasão escolar cresce, de modo a manter um ciclo de pobreza.              Ademais, é evidente que a omissão familiar é um catalisador do impasse. Isso se deve ao fato de que muitos pais, perante um cenário capitalista, dedicam maior parte do seu tempo ao trabalho, de forma a impedir o diálogo sobre o tema com seus filhos. Outrossim, muitos responsáveis veem o assunto como um tabu, de maneira a proibir a abordagem nas escolas. Com isso, nota-se que, segundo dados do Jornal Minas, apenas 3 em cada 10 jovens já tiveram uma conversa sobre sexualidade com os pais. Nessa perspectiva, aliado à irresponsabilidade dos menores e à liquidez das relações, a fecundidade torna-se cada vez mais extemporânea.              Urge, portanto, que a gravidez na adolescência é um caso de saúde pública. Destarte, o Tribunal de Contas da União deve destinar recursos que, por intermédio do MEC e do Ministério do Trabalho, será revertido numa estrutura abrangente de reinserção dos jovens nas instituições escolares e no mercado de trabalho, por meio de cursos profissionalizantes, bolsas de ensino e incentivo a empresas que contratem jovens de baixa renda; a fim de garantir o bem estar dessas famílias e evitar a desistência escolar. ONGs e instituições sem fins lucrativos, por sua vez, devem promover uma campanha de conscientização sobre o tema, com a divulgação no setor midiático e a introdução de palestras, ministradas por sexólogos e profissionais das área da saúde e destinadas a progenitores e profissionais pedagógicos, para assegurar a educação sexual e ratificar sua importância. Dessa forma, os adolescentes desfrutarão o "carpe diem" de maneira mais ponderada.