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Enviada em: 14/04/2018

Segundo o poeta e compositor brasileiro Cazuza: "Eu vejo o futuro repetir o passado. Eu vejo um museu de grandes novidades". Paralelamente a tal reflexão, nota-se que a problemática envolvendo a gravidez na adolescência não se restringe à atualidade. Nesse sentido, é possível perceber a relação existente entre baixo nível socioeconômico, baixa escolaridade e desestruturação familiar com a persistência da gestação precoce e não planejada, em razão de haver a fragilidade quanto à perspectiva de vida. Sendo assim, a insuficiência de informações sobre as consequências da gravidez na juventude  e a falta de diálogos orientativos nas famílias são fatores que potencializam esse cenário.       Sob esse viés, a obra "O Ateneu", de Raul Pompeia, descreve a escola como um microcosmo da sociedade, em virtude de as ações sociais serem reflexos do ambiente escolar. Nessa perspectiva, pode-se afirmar que as instituições de ensino são locais ideais para se discutir questões sobre sexualidade, a fim de despertar nos estudantes a responsabilidade das escolhas sexuais, assim como as formas de prevenção da gravidez precoce e DST's. No entanto, a mentalidade conservadora e o discurso religioso impedem a abordagem do tema por professores de forma ampla e explicativa, contribuindo com o atraso social e o tabu em torno da discussão sobre sexo. Dessa forma, nota-se que a ausência de esclarecimento aumenta as chances da maternidade na adolescência.       Por outro lado, o médico e escritor Augusto Cury afirma que o diálogo doméstico é essencial para as deliberações do ser. Assim sendo, os núcleos familiares, em sua maioria, estão em oposição a tal pensamento, pois há a existência da censura no tratamento e diálogo sobre sexo nas relações intra-familiares. Nessa perspectiva, pelo fato de não receberem informações nem no ambiente escolar nem da família, a vulnerabilidade das adolescentes de engravidar aumenta consideravelmente. Prova disso é que, conforme dados do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC), em 2015, 546,5 mil crianças nasceram de mães com faixa etária de 10 a 19 anos.       Diante dos fatos supracitados, faz-se necessário que o Ministério da Educação promova cursos de capacitação de professores referente a abordagem sobre sexo e gravidez na adolescência nas escolas. Para concretizar tal medida é fundamental não só a presença de especialistas no assunto, como sexólogos e pesquisadores, para o melhor direcionamento dos educadores, mas também o ensino de uma didática adequada, lúdica e laica para esses profissionais. Com tal ação, espera-se o maior tratamento da questão sobre maternidade precoce nos colégios.Por fim, as famílias devem garantir o direito à saúde sexual e reprodutiva, bem como o acesso à educação integral em sexualidade, ou seja, o diálogo infrafamiliar é essencial para reverter o quadro atual.