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Enviada em: 07/05/2017

Necessidade de utopia      Jean-Paul Sartre, filósofo francês, acreditava que o homem estava condenado a ser livre. A ideia de liberdade como um fardo soa paradoxal e improvável, mas agrega verossimilhança crescente em sociedades contemporâneas. Em nosso país, a homofobia cresce em ritmo assustador e atesta sintomas de uma cultura banalizadora da intolerância e de um status quo que não deve ser mantido.     Durante grande parte de nossa história, lutamos pela liberdade em seus mais variados aspectos. Na pós-modernidade, contudo, o que menos se observa é a inalienabilidade desse conceito. Antigo e sólido problema social, a homofobia está intrínseca à coletividade e remete a círculo vicioso da educação. Desde a infância, o indivíduo é moldado por diversos grupos de convivência, ensinado a reprimir o que difere de si e a reproduzir comportamentos homofóbicos, através, principalmente, da violência simbólica - o disfarce mais comum para a emissão de juízos preconceituosos.     A homofobia mascarada é preocupante realidade de um país que se nega a reconhecer seus problemas. Emerge um individualismo característico da contemporaneidade, que reforça e avoluma a problemática vigente: a incapacidade de desvencilhar-se de crenças e conceitos próprios é causa direta do comportamento homofóbico endêmico no Brasil. O descaso diante da violência que assola os grupos homossexuais apenas comprova a necessidade de instaurar novas medidas profiláticas, que erradiquem a homofobia e reconstruam a coesão social.     Assim sendo, urge que a escola estimule as diversidades de qualquer tipo, por meio de debates e palestras interessantes. A família, por sua vez, precisa inculcar nos jovens e nas crianças a compreensão e o respeito a todos, através de diálogos constantes. A mídia pode promover documentários e propagandas inteligentes, reforçando o repúdio à homofobia. Com esforço, é possível reverter a aplicabilidade da ideia de Sartre e entender que, embora o fim do preconceito pareça utopia, esta, segundo Eduardo Galeano, serve para que não paremos de caminhar.