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Enviada em: 02/11/2017

A obra “O Retrato de Dorian Gray”, de Oscar Wilde, trata a vida de um menino inserido na alta sociedade inglesa do século XIX por sua exuberante beleza. Nesse ínterim, o garoto é obrigado a esconder sua homossexualidade em virtude dos valores da época. Analogamente, esse cenário pode ser precisamente traduzido para a contemporaneidade na medida em que a homofobia ainda faz-se presente na comunidade brasileira. Dessa forma, infere-se que essa prática é nociva ao convívio social, o que pode ser comprovado por Hannah Arendt e por exemplos hodiernos.        Ao analisar-se o conceito de banalidade do mal, proposto por Hannah Arendt, constata-se que em razão da superexposição da população a condutas discriminatórias, realizada por diversos canais comunicativos, originou-se um preceito de normatividade e aceitação social perante essas ações. Nessa perspectiva, pode-se concluir que, em muitas vezes, o cometimento do preconceito homofóbico é endossado por certos focos midiáticos e fica implícito em um contexto de descontração. Sendo assim, o comportamento é coercitivamente incorporado pelos indivíduos da sociedade sem a concepção da sua ilegalidade e, equivocadamente, é reproduzido, causando, então, danos permanentes às suas vítimas.        Ademais, inúmeros acontecimentos da modernidade corroboram para a compreensão da nocividade das práticas preconceituosas. O ocorrido no bar Simpsons, por exemplo, em que três pessoas homoafetivas foram fortemente hostilizadas após se revoltarem contra ofensas proferidas pelos agressores, comprova a periculosidade e as proporções catastróficas que essa conduta pode ocasionar. Outrossim, o caso do menino Alex, de oito anos, que foi espancado até a morte por seu pai devido a seu interesse por dança do ventre também certifica o potencial negativo desse comportamento.        Diante dessa conjuntura, os malefícios da homofobia ficam explícitos. Portanto, medidas devem ser aplicadas para mitigar o problema. Desse modo, a mídia deve atentar-se ao tema e desestimular a prática do preconceito por meio do cancelamento de programas que endossem esses valores e sua reprodução por algum membro do corpo social. Somado a isso, as escolas, em parceria com a família, devem ensinar, desde a formação do indivíduo, o respeito às diferenças mediante a criação de projetos de inclusão que possibilitem a diminuição de casos como os supracitados no cotidiano brasileiro. Por conseguinte, o Brasil conseguirá vencer os entraves impostos por essa questão e, assim, as consternações de Dorian Grey serão apenas parte de uma trama literária não correlata com a realidade.