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Enviada em: 20/10/2017

Alan Turing, responsável por decifrar as mensagens nazistas criptografadas pela máquina Enigma na Segunda Guerra Mundial, foi obrigado a aceitar tratamento com hormônios femininos e castração química por ser homossexual. Essa é fotografia da homofobia, realidade em questão no Brasil. Em suma, tal situação é alicerçada principalmente pela herança histórica e a inexistência de legislação específica de antidiscriminação.   A história do mundo nos mostra a herança da discriminação contra a orientação sexual, principalmente pautada em dogmas católicos. Na Idade Média, por exemplo, os homossexuais eram perseguidos, julgados como hereges e torturados pela Santa Inquisição. Percebe-se assim, uma contradição: se por um lado o Brasil defende em sua constituição a liberdade e igualdade dos cidadãos e a laicidade do Estado, por outro possui uma sociedade estigmatizada historicamente pelo preconceito.   Além disso, observa-se uma grande dificuldade na aprovação de projetos de leis que visem criminalizar a homofobia. Apesar de estar entre os países que assinaram a declaração dos direitos LGBT e permitir aos casais homossexuais o casamento igualitário e a adoção de crianças, matam-se mais gays, lésbicas e transexuais no Brasil do que em países onde a homossexualidade é caracterizada como crime. Esta situação é, em parte, decorrente da complacência do Estado para com a parcela da sociedade que não aceita as diferenças de orientações sexuais.   Embora seja difícil dissuadir o pensamento humano, acabar com a homofobia não é uma utopia. Primeiramente, é preciso trazer o assunto em debate, pois o silêncio é a base do preconceito. Dessa forma, as escolas devem ensinar a diversidade sexual, por meio de cartilhas e palestras adequadas a cada faixa etária, a fim informar e aos poucos erradicar a intolerância. Ademais, é indispensável o Poder Legislativo dar prioridade à aprovação de leis que equiparem o crime de homofobia a crimes como, por exemplo, o de racismo, com o propósito de punir e desestimular o preconceito, pois ninguém pode ser condenado sem lei que tipifique como ato criminoso. Assim, poderemos caminhar para um futuro onde casos como o do pai da computação, Alan Turing, sejam erradicados.