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Enviada em: 01/11/2017

Ao fazer uma analogia com o poema "No meio do caminho" de Drummond pode-se afirmar que, o preconceito reproduzido por setores mais conservadores, atrelado à falta de políticas públicas, tem sido pedras no meio do caminho do combate à homofobia no Brasil. Analisando sob esse ponto vista, fatores históricos, culturais e políticos perpetuam esta questão, tornando necessário discutir suas causas e consequências na sociedade.    Primeiramente, por ter sido tratada por muito tempo como uma patologia passível de cura, a homossexualidade carrega até os dias atuais preconceitos a seu respeito. Desse modo, mesmo saindo da lista de doenças da OMS em 1990, a cultura de discriminação contra a população LGBTT continua sendo reproduzida por grupos mais conservadores influenciados por religiões que reiteram a intolerância utilizando dogmas para justifica-la. Por conseguinte, assim como previa o filósofo Zygmunt Bauman em sua obra cegueira moral, que o mal acaba se revelando quando se recusa a compreender o outro, os inúmeros casos de violência contra homossexuais motivados por ódio são cada vez mais frequentes, revelando o caráter violento e discriminatório ainda presente no corpo social.   Além disso, a falta de políticas públicas destinadas a supressão deste comportamento provoca o agravamento da situação. Um projeto que buscava alterar a Lei do Racismo, incluindo na mesma punição para a discriminação de gênero, sexo, orientação sexual e identidade sexual, não conseguiu ser aprovado, encontrando oposição principalmente da bancada evangélica. Assim, além de tornar a laicidade do Estado questionável, a dificuldade em sancionar uma legislação que torne crime a homofobia faz com que muitas vítimas desistam de revindicar justiça, visto que a ocorrência acaba sendo tratada como um crime comum e, como resultado, o infrator continua com sua conduta intolerante e violenta sem receio de ser punido.     Fica evidente, portanto, que diversos fatores perpetuam a homofobia, sendo necessário a adoção de medidas que atenue esta série de problemas. Nessa perspectiva, é indispensável que os devidos órgãos legislativos propiciem a aprovação de uma lei que criminalize a homofobia, a fim de findar a violência sofrida pela população LGBTT. Cabe a mídia, como principal influenciadora de opiniões, a promoção de ficções engajadas que tratem a temática da diversidade sexual e estimulem não só tolerância bem como o respeito às diferenças, com o intuito de combater o caráter discriminatório ainda presente na sociedade. Outrossim, ONGs em parceira com o Ministério da Justiça, devem criar ouvidorias para coletar denuncias e encaminha-lás aos setores responsáveis, com o propósito de agilizar a ação da justiça e garantir sua efetivação. Só assim, está problemática não mais se agravará.