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Enviada em: 15/04/2017

No segundo episódio da trilogia “Star Wars”, o roteirista George Lucas retratou uma das fugas mais engenhosas do cinema: para escapar de Darth Vader, Han Solo esconde a nave Millenium Falcon em uma pilha monumental de lixo espacial, despistando o vilão. Saindo da ficção, no Brasil, a grande quantidade de lixo produzido é o próprio vilão que ganha forças na proporção em que toneladas de resíduos são inadequadamente descartadas em lixões e rios, atraindo vetores de doenças e produzindo resíduos tóxicos. Com efeito, um diálogo entre sociedade e Estado sobre como resolver essa problemática da produção e do reaproveitamento do lixo é discussão que se impõe.      Segundo a ABRELPE (Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais), o Brasil produz diariamente mais de 210 mil toneladas de resíduos e, infelizmente, parte considerável deste conteúdo é descartada em local inadequado. O despejo inconsequente em lixões forma produtos tóxicos e poluentes, como metano e chorume, representando dano considerável à natureza. Ademais, a umidade e o forte odor destes locais configuram microcosmos favoráveis a proliferação de vírus e bactérias, bem como a reprodução de vetores de doenças infectocontagiosas. Destarte, soma-se ao dano ambiental a ameaça à saúde da vizinhança.       Contudo, o Estado tem apresentado medidas atraentes, como a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que visa, em suma, estabelecer uma cadeia produtiva baseada na logística reversa. Dessa forma, o consumidor poderia, ao fim do ciclo de utilidade de determinado produto, repassá-lo às empresas específicas que, além de ressarcir monetariamente o usuário, utilizar-se-ia do produto adquiro para a elaboração de novos itens. Todavia, esse processo sustentável, por demandar altos custos, necessita da colaboração, tanto do estado com incentivos fiscais, quanto da população ao dar preferência às marcas e serviços que adotem essa postura “limpa”.         Fica evidente, portanto, que as agressões ao meio ambiente causadas pelo consumo carecem de maior cuidado. Para isso, em parceria com a Receita Federal, as prefeituras devem oferecer subsídios, como a diminuição de impostos às empresas e cooperativas que coletam e reaproveitam seus detritos, com o fito de incentivar a reutilização. Nesse contexto, a ação da sociedade civil na tarefa seria facilitada, pois, além de estar estabelecida uma cultura de "lixo lucrativo" na qual o consumidor pode comercializar os detritos que produz, ainda, devido aos incentivos fiscais do governo, os produtos advindos de reciclagem estariam à preços mais acessíveis do que o de costume. Ademais, tal compra, ao incentivar o reaproveitamento, reduziria os preços das mercadorias e aumentaria a oferta de empregos nas empresas envolvidas.