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Enviada em: 15/04/2017

O consumo não precisa ser inimigo do planeta     "A natureza criou o tapete sem fim que recobre a superfície da terra. Dentro da pelagem desse tapete vivem todos os animais, respeitosamente. Nenhum o estraga, nenhum o rói, exceto o homem". O insigne escritor pré-modernista Monteiro Lobato já apresentava, em meados do século XX, uma das maiores problemáticas da contemporaneidade. Afinal, o consumo desenfreado aliado ao descarte incorreto de dejetos compõe uma paisagem nunca antes vista, com prejuízos ambientais gravíssimos. Não se pode deixar de citar que, segundo a ONG WWF, o atual ritmo de consumo exige 1,5 ano para que a Terra regenere os recursos utilizados pela sociedade. Desse modo, torna-se evidente que a sustentabilidade deve nortear a relação entre a humanidade e o planeta.      Historicamente, com a consolidação do capitalismo, no século XVIII com a Revolução Industrial, os bens materiais passaram a ser sinônimo de prestígio e realização pessoal, aumentando a aquisição de produtos supérfluos. Além disso, a obsolescência programada -produção proposital de objetos que tornam-se ultrapassados em curto período de tempo- contribui para a obtenção equivocada e o descarte extemporâneo. Como resultado, o volume colossal de lixo descartado em locais inadequados contribui para grandes calamidades, como enchentes e problemas sanitários.     Notoriamente, os resíduos sólidos representam uma das maiores preocupações dos governantes em todo o mundo. De fato, o depósito de dejetos a céu aberto representa um grande risco à natureza e à saúde pública, visto que a liberação de churume e gases tóxicos são nocivos ao ambiente e a propagação de doenças é favorecida pelo ambiente inóspito. No Brasil, a Política Nacional de Resíduos Sólidos, sancionada em 2010, prevê a diminuição e posterior extinção dos lixões e norteia o aumento da reciclagem e reutilização. Entretanto, a situação do destino do lixo pouco mudou. A exemplo, apenas 3% do lixo produzido no país é reciclado, parcela que poderia ser de até 30%, segundo o Ministério do Meio Ambiente.     A partir do exposto, torna-se evidente que a destinação inteligente do lixo é um desafio que só pode ser vencido com a participação da população. Sob essa perspectiva, é viável que os órgãos municipais de meio ambiente condecorem projetos que promovam a diminuição dos impactos negativos do consumismo, como a separação e recolhimento de embalagens plásticas com bonificações em faturas mensais, como energia elétrica e água. Ademais, é essencial que as escolas instruam os alunos quanto ao descarte do lixo orgânico, com a criação de composteiras comunitárias. Assim, o consumo deixará de ser inimigo do planeta.