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Enviada em: 29/09/2018

Charles Darwin tem reconhecimento mundial pelos estudos que revolucionaram a ciência do século XIX. Em uma de suas expedições pelo Brasil, o naturalista inglês relatou que “satisfação” era um termo aquém do que sentia diante de um ecossistema tão particular. Entretanto, diante da atual má administração dos recursos hídricos nacionais, talvez esse mesmo entusiasmo não corresponda ao que prevalece contemporaneamente, constatando-se um desleixo significativo com aquíferos tão importantes. Nesse sentido, fatores como a negligência industrial e a indiferença educacional constituem preocupantes desafios à evolução do país nesse cenário.             Em primeiro plano, verifica-se que a insuficiência de ações do Poder Público é causa evidente do problema. Um processo que começa historicamente, no crescimento do capitalismo industrial, em meados do século XIX, com a aproximação entre o Estado e o setor privado, e desenvolve-se para uma produção não controlada pelos órgãos fiscalizadores tende a valorizar a lucrativa exploração temporária em detrimento da preservação sustentável. Em consequência desse sistema oportunista, exploram-se frequentemente os limites de uso da água , gerando cenários catastróficos de esgotamento já vividos no presente, como em regiões distantes dos grandes centros urbanos nacionais.         Paralelamente a essa dimensão econômica, quando o renomado educador Paulo Freire ressalta a importância de a educação considerar elementos próprios da vida social de seus participantes, evidencia-se a necessidade de engajamento ecológico na escola contemporânea. Porém, contrariando essa lógica, a prioridade do currículo básico brasileiro voltada frequentemente para o tecnicismo alienado agrava o problema, na medida em que, nesse formato, deixa de formar indivíduos pensantes sobre o consumo adequado dos recursos hídricos. Surge assim, um uso exagerado e negligente da água pela população, que é simultaneamente agente e alvo das consequências desse problema.       Pode-se perceber, portanto, uma necessidade de impactos diretos em planos econômico e educacional sobre o mau planejamento de uso das fontes hídricas no país. A fim de amenizar os impactos do manejo inadequado desse recurso, além de as escolas abordarem regularmente pautas de sustentabilidade em suas atividades pedagógicas, a Agência Nacional das Águas deve ampliar a fiscalização sobre o produto industrial, que mais extrapola limites desse consumo. Esses esforços poderão ser realizados por meio da criação de equipes de analistas, que estabeleçam regras gerais de atuação. Dessa maneira, o prazer de Darwin poderia deixar de ser simplesmente parte de nossa história, reconstruindo diante da evolução da realidade nacional.