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Enviada em: 07/10/2018

Em sua obra “O Quinze”, a escritora modernista Rachel de Queiroz, retrata a grande seca que assolou o Nordeste em 1915; a problemática se configurou como um fator determinante para migração de muitas famílias para outras partes do Brasil em busca de sobrevivência. Assim como na ficção, a escassez hídrica se tornou um revés atemporal que aflige toda a sociedade na medida em que a demanda e o consumo continuam crescendo. Não obstante, observa-se que o uso indiscriminado da água tem sido responsável pela formação de cenários críticos e cada vez mais frequentes no século XXI.         Numa primeira instância, é perceptível uma deficiência no que se refere à gestão hídrica no país, já que o mesmo é um dos maiores detentores do recurso e, ainda assim, enfrenta diversos problemas no que tange à sua obtenção. Consoante ao pensamento de Aristóteles, o Brasil se configura como uma potência visto que possui uma capacidade hídrica que possibilitaria uma distribuição igualitária; entretanto, a má administração é responsável por dificultar a obtenção de um rendimento integral. Dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística revelam que a cada 100 domicílios brasileiros, 45 não possuem acesso à rede de água. Há de se convir que a falta do recurso afeta não somente atividades corriqueiras como também a indústria alimentícia e hidrelétrica, o saneamento básico, dentre outros setores.        Todavia, é preciso reconhecer que a escassez de água é agravada em virtude da falta de manejo e usos sustentáveis dos recursos naturais. Dados da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO) revelam que 70% de toda a água consumida no mundo é utilizada na irrigação de lavouras; a atividade industrial e o uso doméstico somam os 30% restantes. Destarte, o cenário demonstra que a conscientização sobre o uso do recurso precisa alcançar não somente as casas e os comércios, mas também os setores primário e secundário da economia.       Diante do contexto apresentado, evidencia-se a necessidade de políticas delineadas pelo princípio da responsabilidade compartilhada. É necessário que o Ministério da Agricultura, em parceria com ONGs fiscalize o setor agrícola no que se refere à rentabilidade hídrica e, caso seja necessário, forneça financiamento para a compra de tecnologias que favoreçam o avanço social e ecológico como vislumbrado em países do Oriente Médio. Somado a isto, cabe ao Ministério do Meio Ambiente em parceria com o Ministério da Educação a responsabilidade de criar palestras, propagandas e campanhas de conscientização a fim de promover uma compreensão social e amenização do problema.