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Enviada em: 30/09/2018

As civilizações do crescente fértil se desenvolveram por meio da utilização dos rios na região, em especial, o rio nilo para os egípcios e os rios tigres e eufrates para os sumérios. A importância dos rios foi tamanha que se eternizou na frase do filósofo grego Heródoto: "O Egito é a dádiva do rio nilo". A partir dessa perspectiva histórica, ao se discutir sobre os impactos da escassez da água no século XXI, é necessário compreender a importância desse bem material para perpetuação dos seres vivos. Nesse sentido, é pertinente verificar por que a falta de água se tornou um problema na contemporaneidade e analisar como as ações humanas influenciam na perpetuação desse celeuma.   Em face dessa ideia, cabe pontuar, inicialmente, que a escassez de água potável não é por falta desse bem material no planeta, visto que o astro é conhecido como "planeta água". Na esteira desse pensamento, fica evidente que a raiz da problemática está na má distribuição e no desperdício realizado por diversos setores do corpo social. Nessa lógica, o olhar aguçado do sociólogo polonês Zygmunt Bauman atesta haver uma realidade pautada no mundo líquido, posto que os prazeres imediatistas são escolhidos em detrimento do pensamento a longo prazo. A esse respeito, o pensamento que vigora na sociedade é de que a água é um bem de consumo infinito e, por causa disso, seu consumo não precisa ser feito de forma sustentável. Enquanto esse pensamento vigora no ocidente, países da Ásia e África sofrem com a falta desse bem indispensável para sobrevivência.   Outro aspecto a ser considerado nessa discussão é o fato de que a consciência predominante no corpo social é individualista em detrimento do pensamento coletivo que deveria imperar. Nesse contexto, a sentença lançada por Karl Marx adverte que o mundo é o resultado das escolhas do ser humano. Desse ponto de vista, só é possível mudar o pensamento individualista vigente através de novas atitudes pautadas no bem coletivo. Em síntese, não se pode deixar que o desperdício de água na agricultura, nas indústrias e no consumo diário seja uma realidade do corpo social, é preciso que o pensamento coletivo vigore para que o consumo desse bem indispensável seja realidade para todos.   Diante desse cenário, é imperioso desconstruir o pensamento egoísta e promover o consumo sustentável. Posto isso, cabe à Agência Nacional de Águas estabelecer como meta a fiscalização de agriculturas e indústrias, implementando palestras, com o propósito de economizar o consumo hídrico por esses setores. Outra ação, com o olhar lançado em direção ao futuro, sob tutela do Ministério da Educação, deve proporcionar nas escolas o debate do assunto, incentivando o consumo sustentável nas famílias, a fim de que todo corpo social seja educado. Com essas intervenções, espera-se que, o "planeta água" possa, na prática, oferecer esse bem para todos os seus habitantes.