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Enviada em: 16/10/2018

Graciliano Ramos, em sua obra "Vidas Secas", busca evidenciar, por meio da história de Fabiano, a dura realidade vivenciada por inúmeros brasileiros, que enfrentam com dificuldade o processo de busca e garantia de acesso ao recurso hídrico. Entretanto, seja na literatura, seja na realidade, o Brasil apresenta um enorme contraste: é um país de muita água, porém, de muita sede. Nesse viés, a nação brasileira, que se ergueu à beira do mar e em volta dos rios, enfrenta obstáculos no que tange à distribuição do patrimônio e, em decorrência disso, apresenta conflitos como as migrações forçadas e os problemas de saúde.             Primeiramente, convém ressaltar o conceito de "Indústria da Seca", expressão usada pela primeira vez pelo jornalista Antônio Callado na década de 1960. Nesse âmbito, o termo foi empregado em referência às ações praticadas por grandes proprietários de terras, sobretudo na região do semi-árido nordestino, com o fito de desviar verbas destinadas à construção de açudes e monopolizar o acesso à água. Sendo assim, o recurso, concentrado nas mãos da elite agrária, torna-se escasso à população, de modo a corroborar o intenso êxodo rural; prova disso é que, segundo dados do IBGE, quase 2 milhões de pessoas migraram para as cidades em virtude da falta de água na última década. Dessarte, o intenso fluxo migratório favorece a ocorrência de complicações na cidade, como a favelização.       Em segunda instância, assim como a escassez hídrica contribui para a ocorrência de problemas urbanos, o aumento dos casos de diversas mazelas tem como origem o mesmo fator. Nessa vertente, uma vez que a distribuição de água é falha, faz-se necessária a reutilização do fluido. Contudo, a exposição do recurso e sua sequente contaminação têm como consequência o elevado índice de  contaminação por doenças, como a dengue, a poliomielite e diversas infecções, que juntas levam 3,5 milhões de pessoas à morte anualmente e ocorrem, principalmente pelo uso de água não potável, conforme a OMS. Dessa forma, é notória a urgência da remediação desse cenário para a saúde social.       Portanto, com o intuito de reverter esse quadro, medidas precisam ser adotadas. Logo, é necessário que o Ministério da Justiça aumente a fiscalização sobre o montante destinado à construção de poços comunitários e aplique as punições aos responsáveis pelos desvios desse. Ademais, compete ao Estado investir em pesquisas que busquem formas de contornar os fatores climáticos, com o intuito de diminuir o impacto das secas. Outrossim, é conveniente que ONGs de ajuda humanitária coletem e distribuam água potável nas regiões de maior vulnerabilidade, para promover a desconcentração desse bem. Assim, poderá ser alterada a árdua realidade dos diversos "Fabiano" do país.