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Enviada em: 01/10/2018

A água é o berço das civilizações, a partir dela se desenvolveram importantes sociedades como as egípcias e mesopotâmicas, às margens dos rios Nilo, Tigre e Eufrates. Entretanto, nem todos contam com essa dádiva, pois a escassez de água já afeta mais de 40% da população mundial e é uma triste realidade em muitas cidades brasileiras. Diante disso, muitos são os impactos gerados pela falta de abastecimento desse bem vital, especialmente em relação à agricultura e mortalidade.     Dentro dessa perspectiva de escassez, é inevitável a preocupação com a produção de alimentos, haja vista que, segundo a ONU, 72% da quantidade de água consumida nacionalmente tem a agropecuária como destino. Com isso, além de refletir negativamente na economia, pois somos uma nação muito dependente de commodities, o que representa 7% do PIB nacional, a falta de água também pode pôr em risco o abastecimento interno. Logo, o fantasma da estiagem e a falta de um sistema de irrigação sustentável geram anualmente prejuízos bilionários para o setor; a título de exemplo, segundo a Secretaria de Agricultura, o Distrito Federal teve 600 milhões de reais em prejuízos no ramo em virtude da crise hídrica.    Outra consequência inseparável da escassez de água é a questão da mortalidade que afeta partes significativas da população. Embora apresente pouca repercussão nacional e descaso governamental, a lamentável realidade dos ciclos de secas naturais do Nordeste, concatenado à falta de estruturas de abastecimento de água mata milhares de pessoas. Assim, na maior delas, registrada de 1979 a 1985, cerca de 3,5 milhões de pessoas morreram, principalmente crianças por inanição e desidratação, segundo a Secretaria de Agricultura. Além disso, para os sobreviventes, resta apenas as migrações e o afastamento de sua terra mãe.     Evidenciam-se, portanto, impactos significativos associados à escassez hídrica. A fim de atenuar os prejuízos produzidos pela seca, o Ministério da Agricultura deve investir em projetos de irrigação sustentáveis que aproveitem melhor a água e reduzam a demanda. Para isso, deve haver associação com os Centros de Tecnologia das universidades públicas e utilização de mão-de-obra dos alunos e recém formados. Dessa forma, espera-se reduzir a dependência das lavouras aos regimes de chuva. Ademais, com o objetivo de redução das vítimas do semi-árido, as Superintendências do Nordeste devem promover a construção de sistemas de distribuição de água e captação de chuvas para os que não têm acesso, por meio da contratação de empresas especializadas. Desse modo, além de garantir o acesso a um direito básico, à água, as estiagens nessas regiões poderão deixar de ser sinônimo de mortes.