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Enviada em: 28/09/2018

Questões Ambientais sempre são o segundo plano em qualquer governo, seja qual for o país. Basta olharmos para a forma como os Estados Unidos saiu do acordo de Paris em 2017 por questões estritamente econômicas e de cunho nacionalista. No Brasil a situação é ainda mais alarmante, pois estamos transformando um dos principais bens para a manutenção da vida em lixo: a água.     É popularmente difundido o dado que a Terra tem sua superfície constituída em grande parte por água, entretanto, a quantidade de líquido disponível para consumo é ínfima se comparada a esse total, fazendo com que a escassez seja um obstáculo atual e tangível. No Brasil, porém, o óbice vem por outro caminho: segundo a CIA dos EUA, possuímos cerca de 1/10 da água potável disponível no mundo, 80% disso localizado na região norte. Isso faz com que o restante do país seja abastecido em grande parte através dos chamados “rios voadores”, massas de ar úmido liberadas pelas florestas que geram chuvas no centro-sul. A questão é que, com o desmatamento desenfreado que vem ocorrendo na região setentrional, as chuvas que eram para ocorrer na parte mais rica do país, não estão. Ainda assim, o lobby constituído na Câmara e no Senado fazem com que seja impossível aprovar medidas protecionistas a esse patrimônio da humanidade. O problema brasileiro é, mais uma vez, político.     Entretanto, o óbice se agrava quando esse já escasso recurso é negligenciado pela própria população e governo. Somos especialistas em estragar esse bem tão precioso: lançamos agrotóxicos, fertilizantes e resíduos animais em regiões agrícolas, o que além de matar a vida aquática, ainda estimula o crescimento de algas e bactérias, gerando eutrofização e, consequentemente, perda do potencial de consumo do líquido. Pior: contaminamos água limpa com esgoto, que na maior parte das vezes não é coletado, muito menos tratado, assim, o Brasil tem problemas de primeiro e terceiro mundo: consome como um país europeu e tem o saneamento de um africano, já que menos da metade da população tem acesso à coleta de esgoto, segundo o Plano Nacional de Saneamento Básico. Enquanto os investimentos na área não forem compatíveis, esse quadro só tende a piorar.     Fica clara, portanto, a necessidade da ação política na resolução do óbice que é a escassez de água. Para tanto, deve-se criar leis mais rígidas contra o desmatamento, com um Legislativo focado em coibir essas práticas, sem lobbies barrando o caso, através da criação de um estatuto que assegure os deveres do setor agropecuário, contando com o auxílio de ONGs e do IBAMA para fiscalizar o processo. Além disso, investimentos em saneamento básico se tornam de suma importância, estimulando a iniciativa privada a ajudar no processo de coleta e tratamento de esgoto, a começar pelas cidades ribeirinhas e litorâneas. Só assim será possível amenizar esse tão vivo problema.