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Enviada em: 29/09/2018

Considerado um dos mais célebres romances brasileiros, ''Vidas secas'', de Graciliano Ramos, retrata o cotidiano familiar de retirantes sertanejos ao lidar com a seca no sertão nordestino. Longe da literatura, a obra encaixa-se perfeitamente com a realidade atual, visto que a escassez de água continua a afetar milhares de pessoas no país. Desde os primórdios, a água foi vista como principal meio de desenvolvimento de uma sociedade, fato comprovado pela menção do historiador grego Herótodo de que "o Nilo é uma dádiva do Egito", devido ao fato de que suas cheias periódicas propiciavam o desenvolvimento da agricultura. O Brasil constitui a quinta maior reserva hídrica do mundo, no entanto, desde 2014 sofre com a maior crise hídrica de sua história devido a má distribuição no território além do uso irresponsável e sem limites da água.                 A princípio, é válido ressaltar que a distribuição demográfica brasileira não acompanha a divisão territorial da água, uma vez que a região Norte, que apresenta a maior reserva hídrica, mas que, no entanto, possui o menos número de habitantes. Enquanto isso, a região Sudeste, principalmente o estado de São Paulo, sofre com a escassez de água pela ausência de chuvas e o esgotamento do reservatório da Cantareira. Além disso, a região Nordeste já convive a anos com a ausência de abastecimento total desse recurso natural, e inclusive tramitam em discussão um projeto de Transposição do rio São Francisco para regiões de rios intermitentes, no entanto, a maioria da comunidade brasileira concorda que isso beneficiará apenas os grandes proprietários.                    Ademais, o falho sistema educacional corrobora a não participação efetiva da população no ramo, reforça o estereótipo errôneo de que a água é descartável e renova-se infinitamente. Contudo, há de se destacar que apenas 3 por cento da água do planeta é doce, e destes, a maioria encontra-se em depósitos subterrâneos. Além disso, o sistema capitalista marcado pelo desejo desenfreado pelo lucro faz com que essa questão se agrave. Exemplo disso é a expansão o agronegócio e o aumento da fronteira agrícola no Cerrado com suas vastas plantações de soja que já atinge a Floresta Amazônica, com isso, o desmatamento traz efeitos nefastos para o meio ambiente, pois ao retirar a cobertura vegetal o equilíbrio entre o fenômeno de fotossíntese e de respiração vegetal é afetado e, com isso, toda a dinâmica do ciclo da água sofre alterações, o que diminui a precipitação sobre a região.                  Dessa forma, a mídia deve alertar e orientar o público sobre o uso consciente. Além disso,  o Ministério o Abastecimento deve tratar as águas de esgotos a fim de as indústrias as reutilizarem de forma sustentável e, assim, conter os gastos do consumo hídrico, além do que a população deve aproveitar água de máquinas de lavar para outras atividades domésticas para evitar o desperdício.