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Enviada em: 01/10/2018

Sob a ótica do sociólogo francês Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um organismo biológico por ser, assim como esse, composta por partes que interagem entre si. Entretanto, ao observar os impactos da escassez da água, no Brasil, percebe-se que tal ideário é comprovado em teoria e não necessariamente na prática, e o impasse segue de modo intrínseco concatenado à realidade do país, seja por um consumo exacerbado da água, seja por ações do ser humano que interferem no ciclo hidrológico.   É evidente que o quesito constitucional esteja entre as raízes do empecilho, uma vez que o consumo exagerado proporciona um descaso populacional com a água, acarretando em secas nos mananciais, nos rios e nos lagos que tangenciam as cidades. De acordo com Aristóteles, desde a Antiguidade Grega, a política deve ser utilizada de maneira que, por meio da justiça, o equilíbrio seja alcançado na sociedade. Em contrapartida a esse pensamento, hodiernamente, tornou-se notório que não há somente um descaso populacional com a água, mas sim há, também, um descaso em campanhas socioeducativas a respeito do uso consciente desse bem por parte das autoridades.   De igual laia, destaca-se as ações do ser humano como impulsionadoras do problema, haja visto que desde o início da Revolução Industrial, em que o homem de fato estava pouco preocupado com as consequências da escassez e pensava apenas no desenvolvimento e acúmulo de capital. A partir desse fato, é possível relacionar a atualidade brasileira a raciocínio do famigerado sociólogo polonês Zygmund Bauman, o qual conceitua em sua obra “Modernidade Líquida”, a queda das atitudes éticas pela fluidez dos valores, a fim de atender interesses individuais, aumentando o individualismo e degradando o cooperativismo. Destarte, percebe-se que a aplicabilidade das leis ambientais torne-se mais rigorosa com as indústrias.   Diante desse contexto, é coerente admitir que a atuação estatal aliada à mobilização coletiva da sociedade revela-se como fator imprescindível à efetiva superação do atual cenário. Para tanto, cabe ao Poder Público oportunizar políticas sociais, as quais promovam a conscientização, o melhor uso e a gestão desse bem, atenuando a problemática. Além disso, o Ministério da Educação e Cultura, deve oferecer eventos culturais acessíveis à comunidade, cuja realização vise a integração dos cidadãos e antenando-os sobre seus deveres, permitindo, assim, uma maior concretude nos relacionamentos sociais, rompendo com os ditos de Bauman. Permitindo, assim, uma maior participação dos diversos corpos presentes no cerne social.