Materiais:
Enviada em: 01/10/2018

Dignidade fragilizada       Graciliano Ramos escreveu a obra "Vidas secas" e retrata a vida de uma família de retirantes sertanejos obrigada a se deslocar de tempos em tempos decorrente da seca. Entretanto, tal situação não é restrita apenas ao contexto literário, a escassez de água se torna presente no século XXI, e em diversos lugares do mundo. Com efeito, enquanto individualismo e omissão for regra, a disponibilidade de água será exceção.       Em primeiro plano, a falta de água potável e saneamento básico fragiliza a dignidade humana. A esse respeito, a ONU estabeleceu que o principal direito de um indivíduo é a sua dignidade, prevista na Declaração dos Direitos Humanos. Todavia, ocorre que a não disponibilidade de água por parcela da população vai de encontro àquilo que as Nações Unidas declararam como indispensável. Assim, é incoerente que, uma substância tão essencial para vida seja insuficiente para mais de um terço da população mundial.       De outra parte, o egoísmo presente no século XXI - sobretudo nos lares - potencializa a carência de água. Nesse viés, o sociólogo Bauman afirma em sua obra "Modernidade líquida" que o individualismo é uma das principais características da modernidade, uma vez que os indivíduos estão incapazes de olhar o problema do próximo. Nesse sentido, a problemática se enquadra na teoria do autor, na medida em que a população se preocupa em economizar água, quando a escassez afeta ela, do contrário, não se preocupa com o seu desperdício. Dessa forma, se essa atitude se mantiver, o mundo todo será obrigado a conviver com um dos problemas mais grave: escassez de água.          Impede, pois, que instituições públicas e cidadãos cooperem para mitigar a falta de água. Nesse sentido, as escolas, junto ao Ministério da Educação, devem promover oficinas que incentivem os alunos a criarem projetos que diminuam o desperdício da água, e que possam ser implantados em casa ou na comunidade, por meio de premiação aos ganhadores, a fim de desenvolver a reflexão crítica acerca dos hábitos adequados e inadequados no consumo de água. Os cidadãos, por sua vez, tem por obrigação buscar alternativas que tenham como finalidade a economia da água. Além disso, podem realizar denúncias, por intermédio das mídias sociais, para que instituições públicas atuem em locais onde há falta de saneamento básico e água, já que ações coletivas têm imenso poder transformador sobre a sociedade. Dessa forma, a população - sobretudo brasileira - poderá ter um destino diferente dos personagens da obra de Graciliano.