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Enviada em: 11/10/2018

A crise hídrica e suas implicações na vida humana       Os crescentes índices de poluição e má utilização dos recursos hídricos têm causado consequências nefastas em nível global. A escassez, que há décadas, era uma preocupação futura, hoje se afigura como uma crise humanitária pungente, que torna como imprescindíveis mudanças na dinâmica hídrica mundial, para que a vida no globo seja mantida.       O constitucionalista brasileiro e professor da USP, Daniel Sarmento, diz que embora o direito à água não esteja expresso na Constituição, ele é um direito fundamental implícito, pois é condição basilar para a concretização da dignidade da pessoa humana, assim como os alimentos, a saúde e a moradia. Contudo, este direito fundamental vem sendo, há séculos, alvo do mau uso e da poluição. Principalmente, após a Revolução Industrial, período no qual a água começou a ser poluída em larga escala por conta das fábricas e, já contemporaneamente, pelo agronegócio e seu uso desregulado de recursos hídricos; a Revista Superinteressante publicou, por exemplo, uma pesquisa indicando que para a produção de 1 quilo de carne bovina são necessários cerca de 1000 litros de água potável.        Nesta relação problemática entre poluição e uso desenfreado, o que antes era um problema dos países de extrema aridez, hoje afeta até mesmo os locais mais ricos em recursos hídricos. O Brasil, por exemplo, dono do maior aquífero do planeta - o Aquífero Guarani - e país com a maior reserva de água doce, já sente as dores da escassez. São Paulo, sua maior cidade, passou por um difícil período de racionamento hídrico no ano de 2016, que levou não apenas os paulistanos, mas o mundo inteiro, a um intensa reflexão sobre o futuro da vida na Terra.       Tais implicações urgem por mudanças na estrutura hídrica do planeta. Algumas delas já estão sendo estudadas e são pautadas na reutilização cíclica da água nas indústrias, criação de sistemas de irrigação agrícola que utilizem água da chuva armazenada e na construção, pelo agronegócio, de centros de tratamento dos recursos utilizados e também das águas pluviais.       Nesta perspectiva, a escassez da água é um problema mundial, atual e preocupante. Além dos governos deverem fomentar mudanças na estrutura hídrica, também terão que criar leis severas contra a poluição e taxações  financeiras sobre os cidadãos que a consomem desenfreadamente. Desta forma, em um período de médio prazo, a dignidade cidadã será concretizada, a partir do acesso fácil, consciente e inteligente do maior bem natural: a água.