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Enviada em: 07/04/2019

No Brasil, cobradores de ônibus estão em processo de substituição por pequenos dispositivos leitores de chip. Ademais, caixas de supermercado começaram a ser trocados por máquinas de autoatendimento e, recentemente, o Conselho Federal de Medicina publicou permitiu que médicos realizem consultas à distância. No contexto tecnocientífico do século XXI, a revolução tecnológica digital instiga a sociedade a refletir sobre os impactos dela no mercado de trabalho. Assim, é lícito afirmar que se por um lado, tal transformação acentua o desemprego, por outro, amplia as possibilidades para algumas ocupações.      Convém ressaltar, antes de tudo, que é ingênuo acreditar que a tecnologia no trabalho não impacta negativamente os níveis de inocupação. Por esse ângulo, à medida que a mão de obra torna-se onerosa, combinada a uma mentalidade capitalista selvagem de grande parte dos empregadores, que visa a maximização do lucro, o trabalhador é visto como algo descartável e substituível. Nesse sentido, as máquinas informatizadas, que podem realizar o mesmo trabalho por um custo menor, chegam e sobrepõem o indivíduo, restando assim, a demissão. Sob esse aspecto, Karl Marx diz: ''A desvalorização do homem aumenta em proporção direta com a valorização do mundo das coisas''. Desse modo, a revolução digital, ao mesmo tempo que entrega praticidade ao consumidor e bons resultados às empresas, contribui para uma visão do sujeito como ser que pode ser permutável por um objeto, o que leva a uma desumanização dos postos de trabalho.  Por outro lado, não há dúvidas de que algumas profissões foram privilegiadas pelo processo revolucionário tecnológico. Prova disso são as startups de transporte de passageiros, como ''Uber'' que, por sua vez, são responsáveis por criar renda para pessoas que hoje podem trabalhar como motoristas. Além disso, profissionais da educação também foram beneficiados, visto que, agora podem ministrar aulas à distância para todo o país. É comum ver na web anúncios de cursos online preparatórios para vestibulares e concursos públicos, o que permite que esses profissionais ampliem as fronteiras geográficas do seu trabalho. Dessa forma, como pontuou Steve Jobs, a tecnologia move o mundo.   Faz-se evidente, portanto, que ações são necessárias para evitar o descarte de mão de obra por máquinas e para potencializar os impactos positivos da revolução tecnológica digital. Para tanto, o Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) por meio de um Plano Nacional de Incentivo ao Trabalhador, deve oferecer incentivos fiscais a empresas que não demitam mão de obra por razões de substituição tecnológica e possibilitem que trabalhadores sejam realocados em outros setores. Somado a isso, o MTE deve estimular no país empresas digitais que gerem número considerável de empregos.