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Enviada em: 03/07/2017

No mês de março de 2017 o presidente Michel Temer inaugurou um dos dois eixos do projeto de transposição do Rio São Francisco que estava previsto para ser concluído em 2010. O programa é um empreendimento de engenharia com alto grau de complexidade e visa amenizar os efeitos da seca no Nordeste a fim de atender necessidades básicas da população da região e viabilizar o desenvolvimento socioeconômico dessa. Embora o projeto tenha a capacidade de beneficiar uma enorme quantidade de pessoas, apresenta também muitos efeitos negativos tanto ambientais quando sociais nas regiões envolvidas.       A transposição promete segurança hídrica para regiões semiáridas do sertão nordestino, principalmente para os estados de Pernambuco, Ceará, Rio Grande do Norte e Paraíba, e isso pode auxiliar cidades desses estados de diferentes maneiras. Posto que esses territórios não possuem rios perenes, os canais artificiais favorecem o aumento da população de alimentos, além de contribuírem com a queda da mortandade dos rebanhos que constantemente perecem devido à seca. Aliado a isso, a chegada dessa água é benéfica para a saúde da população, uma vez que é de qualidade superior as existentes nas bacias locais. Nesse sentido, percebe-se que o projeto tem potencial para auxiliar diretamente a produtividade e a vida no campo.       Por outro lado, é inegável o fato de que a obra pode desencadear uma série de problemas. Alguns dos canais artificiais que fazem parte do projeto ficam a quilômetros de distância das casas, o que favorece os grandes latifundiários do agronegócio e torna inviável sua utilização por parte da população mais pobre, a que mais precisa. Paralelo a isso, estão os impactos ambientais que podem ocorrer nos ecossistemas afetados, dentre eles a salinização dos afluentes do rio, perda de fauna e flora, assim como introdução de espécies exóticas, como escorpiões e outros insetos prejudiciais para as pessoas que residem nas cidades que receberão as águas do Velho Chico. Nesse viés, depreende-se que a iniciativa em questão possui mais pontos negativos do que positivos quando colocados em discussão.       Por tudo isso, faz-se necessária a adoção de medidas com vistas a mitigar as consequências nocivas da transposição do Rio São Francisco. Para tanto, é imperativo que o governo federal crie um programa com grupos de assistentes sociais e da saúde para que esses visitem de modo periódico as famílias que moram no entorno de onde ocorrem as obras com o intuito de oferecer segurança a essa parcela da população. É preciso, ainda, que biólogos e geógrafos de ONG's e empresas privadas do ramo ambiental visitem esses espaços com o objetivo de analisarem os efeitos decorrentes da obra a fim de desenvolverem meios de atenuá-los.