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Enviada em: 29/06/2019

No livro "A Máquina de Fazer Espanhóis", Valter Hugo Mãe apresenta seu protagonista como uma projeção dos temores do envelhecimento e narra a solidão e o esquecimento, inerentes aos idosos que vivem no asilo. Entretanto, essa narrativa não se encaixa mais na mente de todos brasileiros maiores de 60 anos. Com isso, entende-se que o envelhecimento da população brasileira ganha novas expectativas, com a diminuição da taxa de mortalidade, e perspectivas, com o aumento da qualidade de vida.   Em primeiro lugar, o impacto econômico do envelhecimento da população transforma as relações da sociedade com o mercado de trabalho. A diminuição da taxa de natalidade junto à mortalidade atrofia o número de pessoas no ramo trabalhista, porém, essa mudança abre espaço para a inovação e aperfeiçoamento das conexões no espaço de trabalho. Assim, com 13% da população brasileira tendo mais de 60 anos -- de acordo com o IBGE --, há novas oportunidades para o aproveitamento da longevidade no setor terciário. Portanto, verifica-se que a contínua atividade mental e física dos idosos gera um ganho para sua saúde, uma vez que diminui as chances do desenvolvimento de doenças neurodegenerativas.    Além disso, o impacto do envelhecimento na saúde aumenta a procura por serviços dessa área, o que contribui para a melhor qualidade de vida. Os trabalhos da bióloga Elizabeth Blackburn com a psicóloga Elissa Epel abordam o envelhecimento sob diversos espectros: os males do estresse, das relações familiares, da poluição, da genética, entre outros fatores que prescrevem a longevidade do indivíduo. Assim, inicia-se a criação de um ciclo: melhor saúde aumenta expectativa e qualidade de vida, o que provoca nos idosos maior busca por serviços médicos, que, por sua vez, encontra mercado consumidor interessado e recebe maiores investimentos. Dessa forma, percebe-se a importância da atenção à saúde pública, pois haverá maior conscientização geral da população acerca dos cuidados sanitários pessoais.   O principal impacto do envelhecimento da população é, portanto, adaptar a nação à flexibilidade e às mudanças, as quais todos os países estão sujeitos. Com isso, é dever do Estado, em primeiro lugar, promover a saúde pública, por meio de investimentos na área e da instrução da população -- com palestras e feiras gratuitas --, a fim de garantir o direito social e, em segundo lugar, manter a terceira idade sempre ativa, por meio da oferta de aulas de atividade física em espaços públicos e de voluntariado para cuidados com o bairro, para que a expectativa e qualidade de vida continue sempre a crescer. Assim, nenhum brasileiro há de ter o fim como a personagem de Valter Hugo Mãe.