Materiais:
Enviada em: 25/06/2019

Em seu poema “Ingaia Ciência”, o escritor brasileiro Carlos Drummound de Andrade revela os percalços que a maturidade enfrenta no Brasil – a madureza não vê tantas surpresas e perspectivas. Fora da poesia, é fato que a terceira idade enfrenta problemas relacionados à seu envelhecimento. Desse modo, os precários serviços de saúde e previdência, somados à má visão da população perante essa parcela, corroboram para que o panorama supracitado seja ainda mais preocupante.     A principio, é válido reconhecer como o descaso governamental deturpa um digno envelhecimento ao brasileiro. Acerca disso, é válido reconhecer o discurso do empirista John Locke, que disserta sobre a característica da vida como suprassumo dos direitos que se deve conceber em um Estado moderno. Logo, as ações estatais no tocante ao melhoramento de vida dos idosos – como programas de saúde pública eficientes e uma previdência bem estruturada – tornam-se fator sine qua non para uma boa qualidade de envelhecimento.     Ademais, é ponto pacífico convir que, muitas vezes, a população idosa sofre descaso de seus próprios filhos, empregadores ou outros conviventes de seu círculo social. Diante disso, torna-se pertinente rememorar o pensamento grego no que tange os idosos – as decisões sobre as cidades-Estado estavam na mão dos mais velhos por possuírem mais conhecimento e, consequentemente, tomarem as melhores deliberações. Dessa maneira, a visão dos idosos como ultrapassados, ou como um estorvo na família ou nas empresas, é inconcebível, já que essas pessoas são fontes inesgotáveis de sabedoria e experiência.    Destarte, medidas precisam ser tomadas para mitigar essa problemática. Para tanto é necessário que o Ministério da Educação e Cultura (MEC) incentive o diálogo dos discentes com os mais velhos, por meio de rodas de bate-papo nas escolas, que visem o intercâmbio de conhecimentos entre essas faixas etárias. Ademais, seria de suma importância que a Associação Brasileira de Gerontologia crie campanha virtuais que ampliem na população a consciência crítica de que programas governamentais como a previdência e a saúde são de fundamental importância e devem ser cobrados com vigor. Dessa forma, é passível de concepção uma sociedade na qual – assim como os gregos – a madureza seja vista como um processo inevitável, todavia, didático para os que a vivem e os que a permeiam.