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Enviada em: 09/07/2019

Em 1970, Simone de Beauvoir declarou: "Todo mundo sabe: a condição dos velhos é, hoje em dia, escandalosa". Contudo, ao transpor o dito para o panorama moderno, nota-se a manutenção dessa inaceitável condição de negligenciamento com a questão dos idosos. Dessa forma, cabe a análise dos impactos do envelhecimento da população brasileira, visto que tal questão passa a ser uma problemática ao passo que a expectativa de vida cresce, mas o Estado e o corpo social demonstram indiferença e desprezo frente a população possuidora de uma bagagem de experiência e produtividade.       Em um primeiro plano, cabe ressaltar que Thomas Hobbes defendia que o Estado foi criado para garantir ao homem segurança, liberdade e bem-estar. Todavia, contrariando esse pensamento, que também permeia declarações de direitos universais, o Estado Brasileiro contribui com a falta desses três direitos básicos para a população da terceira idade. Isto é perceptível ao passo que a arquitetura urbana é precária, o sistema previdenciário incerto, o entretenimento insuficiente, a importância escassa, entre outros. Por conseguinte, o governo acaba ferindo seus códigos de conduta, como o Estatuto do Idoso, além de projetar uma população marginalizada, o que é inaceitável, visto que demonstra uma política que não valoriza aqueles que foram parte produtiva e construtiva daquilo que se vive na atualidade.        Paralelo a isso, o organismo social demonstra uma espécie de aversão ao fato natural de envelhecer. Este "medo" de passar o tempo, decorre das incertezas e limitações físicas que são concomitantes. Ademais, o dinamismo do mundo leva ao esquecimento dos idosos e a construção de juízo de valor de ultrapassados frente aos mesmos. Esse cenário afasta, prorroga e desconsidera o  debate a cerca da temática. Com isso, há uma espécie de incompreensão que tal panorama, na verdade, corrobora para a apresentação de uma sociedade apática e decadente, sendo algo antagônico ao desenvolvimento tão almejado pela espécie humana.       Dado o exposto, evidencia-se a necessidades de medidas intervencionistas da ordem político-social. Para tanto, o Conselho Nacional da Pessoa Idosa deve colocar em prática o fortalecimento e a consolidação do Estatuto do Idoso, por meio de mecanismos fiscalizatórios, para que haja o planejamento adequado e que garanta direitos  aos idosos. Somado a isso, o Ministério da Educação deve promover palestras nas escolas com especialista em assuntos gerontológicos,abordando o assunto do papel do idoso para a população e do envelhecer, com o intuito de proporcionar o reconhecimento comunitário da importância da mudança de visão a cerca da questão. Somente assim, não haverá perdas imensuráveis e o pensamente de Simone tornar-se-á inadequado para a realidade vivida.