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Enviada em: 17/07/2019

Na música "A canção do senhor da guerra", o compositor brasileiro Renato Russo afirma que a guerra sempre avança a tecnologia. Relacionado à isso, o fim da Segunda Guerra Mundial propiciou o avanço de diversas áreas, a citar, a medicina. Por conseguinte, a estimativa de vida aumentou em vários países, como o Brasil, onde é notório o crescente índice de envelhecimento populacional, fato que implica em grandes desafios. Nesse sentido, a formação  sociocultural brasileira aliada à ineficácia estatal em garantir o acesso às necessidades sociais básicas ao público senil corroboram o entrave.   Vale ressaltar, de início, que em muitas culturas, como a chinesa, diferentemente da discriminação que ocorre aos mais velhos por parte dos mais jovens na nação brasileira, há a valorização dos vetustos por serem considerados sábios devido às experiências adquiridas ao longo da vida. Nesse viés, o sociólogo polonês Zygmunt Bauman define o individualismo como principal imbróglio da pós-modernidade. Isso pode ser relacionado ao problema, uma vez que a aversão ao diferente provoca a marginalização daqueles que não se enquadram nos padrões prestigiados. No caso, ao modelo jovial e ostentador de vitalidade e vigor enaltecido pela sociedade contemporânea. Desse modo, cria-se esteriótipos em torno da senilidade.   Outrossim, embora exista o Estatuto do idoso, responsável por garantir os direitos desta classe, é sabido que são negligenciados pelos representantes legislativos. Face ao exposto, o jornalista brasileiro Gilberto Dimenstein refere-se em sua obra "Cidadão de Papel" à um cidadão com direitos garantidos, porém não usufruídos devido, quase sempre, a escassez de condição fornecida pelo Estado. Assim, também ocorre com os idosos, visto que a garantia à acessibilidade é constantemente negada pela condição de precariedade estatal em fornecer infraestrutura adequada nas cidades, dificultando cada vez mais a autonomia desse grupo.   Dessarte, tendo em vista os argumentos supracitados, urgem-se medidas factuais e efetivas. Para começar, é fulcral que a Escola - responsável pela formação socioeducacional dos cidadãos - incentive o respeito aos mais vividos, por meio de jornadas pedagógicas que abordem a importância dos senis para a população e suas restrições psicológicas e físicas, com o objetivo de formar indivíduos respeitadores e compreensíveis, proporcionando uma convivência mais harmônica. Ademais, é mister que o Estado garanta a transitabilidade dos "grisalhos", por  meio da criação de leis que exijam a adequação da infraestrutura das cidades às limitações desses, com o intuito de promover uma maior independência a eles. Dessa forma, poder-se-á atenuar os impactos.