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Enviada em: 21/07/2019

No conto “Viagem à Petrópolis”, de Clarice Linspector, é exposto o descaso que os idosos sofrem pela sociedade, sendo a velhice considerada um peso que ninguém gostaria de carregar, nem mesmo o próprio Estado. Tal obra não é fictícia como tantas outras da literatura, mas sim, um compilado de várias experiências que a autora teve no país. Nesse sentido, percebe-se que o Brasil está despreparado estruturalmente para portar tantas pessoas com idade avançada, como também terá a sua força de trabalho reduzida, já que o mercado de trabalho repele, ao invés de incluir os longevos.     Em primeira análise, vale ressaltar que o tratamento dado às pessoas com mais idade se transformou ao longo dos séculos, na Roma Antiga, por exemplo, eles eram chamados de “pater famílias”, figuras que dispunham de maior respeito e das melhores funções dentro do Império. Em contrapartida, na conjuntura atual, os mais velhos são deixados à margem dos serviços públicos. Segundo estatísticas do IBGE, em 2060, os idosos já serão 25% da população, mesmo assim, há locais sem adaptações para o deslocamento das pessoas da terceira idade ou falta de atendimentos específicos a essa categoria, cuja situação, pode persistir por muito tempo.         Além disso, a grande quantidade de idosos reflete na diminuição do número de trabalhadores com idade ativa. No filme “Eu, Daniel Blake”, o protagonista da terceira idade tenta se inserir novamente no mercado de trabalho, porém não consegue se adaptar às novas tecnologias. Fora da ficção, a exclusão digital e empresarial afeta grande parte dos indivíduos mais velhos do país. Deste modo, a opção por não incluir os longevos nas inovações científicas, como também nas ocupações institucionais, deixará o Brasil com uma maior crise na previdência, já que a expectativa de vida e os cidadãos da a terceira idade só tendem a aumentar.         Em suma, é imprescindível que medidas para melhorar a qualidade de vida dos idosos, bem como a situação econômica do país precisam ser tomadas. Iniciando pelo Governo Federal, juntamente com a Secretaria de Segurança Pública, que devem dispor o acesso necessário aos idosos nos grandes centros urbanos, por meio de verbas destinadas a mobilidade, como um tempo maior nos semáforos para a travessia dos mais velhos, para que os mesmos possam desfrutar do seu direito de ir e vir. Como também, é necessário que as empresas façam contratação de mais longevos, por intermédio de leis de cotas para a população mais velha, buscando assim, enriquecer o mercado de trabalho do país e arrefecer a crise da previdência. Dessa maneira, talvez um dia, o conto de Clarice Linspector tenha referências apenas ao passado do país.