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Enviada em: 24/07/2019

Durante as invasões Napoleônicas na Espanha, devido à intensa participação de famílias camponesas no campo de batalha, inúmeras crianças tornaram-se órfãs e, graças ao indecente monarca espanhol, sem perspectiva de vida ou de adoção. No Brasil hodierno, de maneira análoga, a perpetuação do esterótipo de família ideal e a negligência governamental converge para a dificuldade de adoção de milhares de crianças e adolescentes no país. Dessa forma, faz-se mister que medidas sejam adotadas para garantir a solução desta problemática.         É válido mencionar, inicialmente, que, influenciados pelos ideais herdados da sociedade patriarcal canavieira, diversos cidadãos brasileiros acreditam em um único e preconceituoso significado de família, a biológica. Segundo o sociólogo Pierre Bourdieu em seu conceito de Habitus, os valores de uma sociedade são perpetuados por instituições sociais como Escola e Família, e poderiam dar sequência a ideias preestabelecidas em gerações anteriores. Sob esse viés, vê-se que a idealização de família tradicional brasileira é capaz de se perpetuar, dificultando o surgimento de novos modelos familiares, dos quais pode-se destacar o de pai e mãe adotivos. Tal perspectiva é comprovada quando se analisa que a maioria dos brasileiros opta pela não adoção de órfãos.                    Outrossim, é importante mencionar que a displicência do governo quanto às dificuldades no processo de adoção favorece a estagnação dessa conjuntura. Conforme o filósofo contratualista Thomas Hobbes em sua obra "Leviatã", o Estado deve, por meio da legislação e de sua aplicação, garantir o bem-estar de todos os indivíduos. De acordo com essa filosofia, observa-se que o governo brasileiro não cumpre o seu papel, uma vez que não contribui com programas de informação e de incentivo a adoção , convergindo para a imobilidade do número de jovens abrigados em orfanatos.       Infere-se, portanto, que ainda há entraves que dificultam os processos adotivos no país. Diante dos fatos supracitados, o Governo Federal, em parceria com orfanatos, deve aplicar projetos de divulgação de informações e de incentivos às práticas adotivas, por meio de palestras e rodas de conversa abertas à sociedade que desconstruam o estereótipo de família tradicional e que estimulem a adoção, com o intuito de melhorar o quadro vigente. Dessa forma, o Brasil poderá se diferenciar da Espanha do início do século XIX, sendo, assim, mais humano.