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Enviada em: 06/04/2019

O filme Um Sonho Possível retrata a história de um jovem chamado Michael, o qual, por não possuir moradia, é convidado para dormir na casa da família Tuohy. Ao criar um laço, o núcleo familiar decide adotá-lo, deparando-se com inúmeras dificuldades. Esse cenário assemelha-se à situação do Brasil, a qual apresenta entraves alarmantes no processo de adoção devido à ineficaz estrutura pública e às exigências de um perfil pelos futuros pais. Urgem, então, ações que suprimam os obstáculos enfrentados.     Nesse sentido, o ineficiente aparato estatal colabora para os atrasos no regime adotivo, configurando um quadro sem perspectivas para o interesse geral. Segundo o Artigo 4° do ECA, é dever do Poder Público a preferência na formulação, na execução das políticas sociais e na destinação de recursos às áreas ligadas aos jovens. Desse modo, observa-se a falha gestão do Governo, devido à falta de profissionais na Vara da Infância e da Juventude, como juízes, psicólogos e assistentes sociais, o que não supre a demanda de análises dos processos. Isso implica na demora do procedimento burocrático da adoção e da revisão da situação da criança, a qual é prevista na lei para ser feita de seis em seis meses, mas não é realizada pela ausência de pessoal para o laudo.     Ademais, embora seja um direito pautado na legislação, a descrição idealizada pela maioria dos pretendentes torna-se um significante desafio. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, apenas 5% dos candidatos a pais adotivos aceitam crianças com nove anos ou mais- e esse dado é menor no que tange à aceitação de deficientes. Esse contexto dificulta o sistema e contribui para que o número de abrigos aumente no País, uma vez que exclui uma parcela relevante. Diante disso, sem procura, os indivíduos crescem e saem do abrigo ao atingir a maioridade, ficando reféns da marginalidade, do tráfico e dos preconceitos sociais.     Infere-se, portanto, a necessidade de providências que corroborem na cessação dos empecilhos e do incentivo a esse ato admirável. Ao Estado, delega-se a qualificação de especialistas e a otimização do sistema de adoção, por meio da configuração de uma equipe interdisciplinar, contendo psicólogos e assistentes sociais por exemplo, os quais revezarão as análises do procedimento, a fim da supressão da demora e do descaso para com os jovens. Aos futuros pais, cabe a empatia quanto à realidade da criança e/ou do adolescente a ser adotado, com o fito da conscientização e da valorização do bem-estar do indivíduo, apesar da idade e das características. Espera-se, assim, a minimização de casos que se aproximam da realidade difícil enfrentada pelo Michael no filme.