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Enviada em: 05/04/2019

Em "Kung Fu Panda", o protagonista, da espécie mamífera, é adotado por um cisne que o incentiva em sua aventura, mesmo sendo ridicularizado, às vezes, pela família incomum que possuía. No entanto, fora da ficção, a realidade brasileira ainda está longe de uma política voltada para o acolhimento permanente de crianças e jovens que não possuem um lar definitivo. Nesse contexto, os maiores impasses no processo de adoção no Brasil estão relacionados à burocracia dos trâmites jurídicos, que serve de subsídio legal à nova família, e ao preconceito social envolvido nas novas concepções de família.    Primeiramente, sabe-se que, mesmo com o avanço no campo dos contraceptivos no século XX, o número de gestações indesejadas, principalmente entre jovens e adolescentes, vem aumentado nos últimos anos. Desse modo, o número desproporcional de crianças à espera de um lar e de casais aptos para adotar é evidente, da qual os futuros pais passam por processos burocráticos que demoram meses ou anos para se efetivarem. Dessa forma, os jovens passam mais tempo dentro do abrigo, na ausência da interação social e familiar que, para Vygostky, é de extrema importância no desenvolvimento das habilidades cognitivas e psíquicas dos indivíduos.    Nesse sentido, outra problemática é a aceitação das minorias no método de adoção no Brasil, como os casais homoafetivos, visto que, em grande parcela dos casos, há uma rejeição social sobre a nova definição de lar. Contudo, perante a legislação brasileira, não há critérios de orientação sexual que julguem o direito da comunidade LGTBI de abrigar permanentemente crianças abandonadas por seus pais biológicos. Logo, o grande preconceito está circunscrito aos setores mais conservadores e patriarcais da sociedade, tendo em vista seus credos e suas convicções.    A adoção no país, portanto, sofre com dificuldades no procedimento legal e na aceitação social dentro da própria coletividade. Assim, o Estado deve otimizar a metodologia jurídica para a acolhida das crianças e dos jovens pelos adotantes, aproximando-os durante todo o percurso, com o acompanhamento direto de profissionais, como psicólogos, antes, durante e após o deferimento do pedido. Além disso, a sociedade deve compreender, mediante campanhas sociais propostas pelo próprio governo, da importância da aceitação das novas formas de família. Destarte, futuramente, o laço afetivo tornará tão importante quanto um vínculo sanguíneo, e os adotados serão felizes como as personagens de "Kung Fu Panda".