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Enviada em: 07/04/2019

O Estatuto da Criança e do Adolescente criado em 1990, garante aos menores de 18 anos todos os direitos fundamentais inerentes à pessoa humana. No entanto, a teoria presente na Constituição Federal não atende na prática esse grupo no que tange o acolhimento familiar e a responsabilidade no processo de adoção no século XXI. Assim, impasses nesse âmbito são estabelecidos pelo perfil de preferência dos adotantes e do estereótipo do conceito de família presente na sociedade brasileira.        Nesse contexto, é possível analisar que as características dos menores procuradas por pais adotivos vai de encontro com a realidade do país. Segundo o Cadastro Nacional de Adoção, apenas 5% dos 43 mil candidatos a pais aceitam adotar crianças de 9 anos ou mais. Ainda que 60% desse grupo esteja apto a ser adotado, a idade é um dos fatores que pesam na escolha, uma vez que se leva em consideração a perspectiva de criação, educação e desenvolvimento de um menor de 4 anos de acordo com os ideais de cada pai e mãe até a maioridade. Logo, esse descompasso se torna um dos motivos que mais contribuem para que o número de crianças em abrigos aumentem.    Além disso, o estereótipo criado pela sociedade acerca da família como instituição patriarcal afeta o processo de adoção. Embora avanços tenham sido feitos quanto ás possibilidades constitucionais de adoção, o conceito de família ainda é predominantemente considerado como o casamento entre um homem e uma mulher. Com efeito, o fato social de Émile Durkheim se faz presente, haja vista que ao saírem do padrão, como, nesse caso, pais solteiros ou homossexuais que queiram adotar, sofrem coerção e são julgados pelo pensamento segregador ainda existente. Dessa maneira, ao não atingirem as expectativas, suas chances de adotar são dificultadas e negligenciadas.    Infere-se, portanto, que os impasses para a adoção no Brasil estão relacionados ao sistema patriarcal e ao preconceito ainda vigentes. Nesse sentido, faz-se imprescindível a ação da mídia televisiva, como precursora de informações, no estímulo a debates sobre a estereotipação do ideal de família, na demonstração da diversidade familiar em novelas, com o objetivo de mostrar outros modos de vínculos afetivos parentais, não só mais pautado da hereditariedade genética. Ademais, os abrigos de adoção em conjunto com empresas privadas, podem promover cartilhas com explicações detalhadas dos procedimentos de acolhimento, no intuito de mostrar a importância da adoção de crianças e jovens que saem do modelo de opção e ampliar a visão dos pais, para assim, garantirem o direito plenos a todos os menores.