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Enviada em: 24/04/2019

A adoção, definida como o pleito que legitima o acolhimento de crianças e adolescentes por pessoas sem laço genético, tem como objetivo permitir que estas possam construir uma família atrelada a eles, promovendo um vínculo definitivo de filiação. Essas famílias devem, portanto, cuidar, prezar e educar, ou seja, ensiná-los e ampará-los afetivamente para um melhor desenvolvimento. Ainda assim, esse processo possui muitos impasses no Brasil, o que prejudica as crianças.       Atualmente, de acordo com o Cadastro Nacional de Adoção, cerca de 40306 pessoas estão dispostas a adotar, ou seja, na espera. No entanto, há apenas 4881 crianças no país para o mesmo, isto é, existem por volta de doze vezes mais famílias interessadas do que crianças órfãs. Dessa forma, percebe-se que diversas situações se tornam motivos destes não integrarem essas famílias, como por exemplo o fato de a maioria dessas crianças, equivalentes a 66% do total, possuírem irmãos, os quais, segundo a lei, não podem ser adotados isoladamente. Todavia, mais da metade dessas pessoas não querem adotar mais de um menor de idade, sucedendo o não acolhimento de nenhum dos irmãos.       Além disso, muitos dos que tem a intenção de adotar desistem pela demora e burocracia do procedimento, ou pela falta dos jovens em sua desejada faixa etária. Cerca de 61% dos menores se enquadram no perfil dos maiores de 12 anos, e apenas 0,4% dos pretendentes estão abertos a receber estes jovens. Desse modo, o preconceito contra os adolescentes fazem com que não sejam adotados, e liberados quando maiores de idade, enquanto os mais novos, até os 3 anos, são mais "procurados".       Ainda que os jovens sejam protegidos pela lei e pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, sofrem com preconceitos. Uma situação que impede a adoção e dificulta a adaptação do adotado, é o preconceito social criado sobre a noção de filho. Baseada na constituição que não diferencia as crianças, os filhos, independente se biológicos ou adotados, possuem os mesmos direitos, ou seja, a sociedade não deveria demonstrar diferença ou exclusão aos jovens que conseguem uma nova família, com tratamento diferenciado, visto que ambos devem ser igualmente tratados com afeto e educação.       Para que mais crianças sejam adotadas e os pais não desistam na espera, os Ministérios dos Direitos Humanos e da Justiça devem promover campanhas e projetos de fraternização para a adoção, independente se tenham irmãos ou de suas idades, explicando que os processos longos e burocráticos são necessários para atender suas adaptações e necessidades. Além dessas iniciativas, o apadrinhamento afetivo deve ser divulgado e influenciado para maior conhecimento e adesão dessa relação, a qual não envolve a adoção em si, mas associações afetivas e amigas com os menores, para serem apoiados, fortalecidos e desenvolverem uma vida autônoma.