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Enviada em: 26/04/2019

Há anos é discutido sobre os impasses no processo de adoção e as possibilidades para corrigir tal falha no sistema público brasileiro. Um dos mais relevantes dados para o início deste tipo de debate é sobre o número de crianças e adolescentes acolhidas em abrigos (40 mil) sendo que destas, 4 mil estão aptas para a adoção, em contrapartida dos 36 mil pretendentes inscritos no Cadastro Nacional de Adoção. A partir de então, nota-se que o empecilho maior, neste contexto, está na burocratização do processo adotivo e no ideológico dos pretendentes. Neste ínterim, um dos fatores que mais prejudicam o, já falho, sistema de adoção no Brasil está na preferência dos pretendentes por um perfil de criança muito seletivo e particular. No Brasil, 21% dos 36 mil pretendentes só aceitam crianças brancas e 34% rejeitam crianças negras e indígenas, além da etnia, outro fator de rejeição é de crianças acima de 4 anos ou com doenças físicas e mentais. Este tipo de ideologia se espelha em um preconceito muito desumano e arcaico que contradiz com a adoção, que carrega no ato, um sentimento de altruísmo e compaixão. Adicionalmente, a burocratização no processo adotivo faz com que crianças em condições de seres adotadas atinjam a idade em que ninguém mais aceitaria. Trata-se de uma corrida contra o tempo, com a demora no processo (em média de dois anos), a criança fica suscetível a rejeição dos pretendentes, tornando-se “filha do abrigo” como os estudos denominam àquelas que passam a vida inteira nos abrigos. Esta causa é exterior à criança e aos pais, sendo o entrava responsabilizado apenas pelo sistema jurídico brasileiro. Infere-se, portanto, que para a restauração do verdadeiro significado da adoção como um ato de solidariedade em oposição de uma prática morosa e preconceituosa, faz-se necessário que medidas sejam tomadas em curto prazo. Assim, em âmbito governamental, cabe ao Poder Legislativo e Executivo, reformulações e melhores aplicações das leis já existentes, de modo objetivo e rápido e, juntamente com o meio midiático, promover campanhas que conscientizem os pretendentes sobre o caráter seletivo que tomam ao escolher filhos como meros objetos, e assim, desinchar o número de crianças que anseiam por um lar.