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Enviada em: 05/05/2019

“Anne with an E” é uma série televisiva que relata a história de adoção de uma adolescente, que vivencia os mais variados preconceitos por ser uma garota órfã, uma vez que o casal de irmãos que a adotou estava, na verdade, à procura de um menino. De maneira análoga, no Brasil, grande parte das crianças e dos adolescentes que estão em busca de um novo lar são vítimas de discriminação. Por sua vez, o preconceito das famílias e a demora dos processos judiciais representam os maiores indícios da problemática da adoção no país.             Em primeiro plano, observa-se a discrepância entre o perfil requerido pelos pais e a realidade dos indivíduos disponíveis para adoção. De acordo com uma reportagem do Jornal Hoje em Dia, das 5.340 pessoas na fila de adoção, 753 aceitam apenas crianças brancas, o que evidencia o preconceito das famílias quanto à cor da pele. Além disso, notou-se que a idade e o gênero dos indivíduos também são critérios na hora da escolha, pois muitos preferem as meninas. Logo, é necessária uma mudança de mentalidade dos brasileiros em relação às condições impostas para adotar uma criança.              Ademais, outro ponto de relevância diz respeito à questão burocrática envolvida no processo de adoção no país. A esse respeito, sabe-se que o Código de Hamurabi, criado durante a antiguidade, na Mesopotâmia, foi a primeira codificação jurídica da história que regulamentou a adoção. Entretanto, ainda que exista uma legislação específica para isso, a falta de profissionais nessa área – como juízes, defensores públicos e assistentes sociais – são fatores que atrasam o procedimento, o que leva muitos pais à desistência. Sendo assim, é preciso que o Poder Público invista no aumento de especialistas na esfera judicial, para suprir a demanda de pretendentes à adoção de crianças.             Diante dos fatos mencionados, torna-se evidente a necessidade de propor medidas capazes de agilizar o processo de adoção no Brasil. Para isso, cabe ao Ministério da Justiça ampliar a oferta de funcionários no Poder Judiciário que tratem de questões relativas à adoção, por meio de distribuição de vagas para cargos de advocacia e promotoria, além de criar cursos profissionalizantes voltados à especialização nessa área, a fim de que os pais possam receber a orientação necessária com clareza e agilidade. Ademais, é de suma importância que as mídias digitais invistam em campanhas de mobilização, disseminando informações acerca dessa temática e sensibilizando os indivíduos a adotar crianças independente de seus aspectos físicos. Dessa forma, a duração do procedimento e as exigências das famílias serão cada vez menores.