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Enviada em: 29/05/2019

De acordo com o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), o Brasil tem mais de 8 mil crianças à espera da adoção. Esse dado, por sua vez, revela alguns impasses no processo de adoção no Brasil: desconhecimento de regras básicas, preconceitos a respeito da adoção, e ainda atrasos dos processos na Justiça. Nesse sentido, é irrefutável que esses obstáculos sejam combatidos, visto os benefícios da adoção, tanto pela promoção de desenvolvimento individual, como pelo avanço social.       Em relação ao primeiro viés, cabe destacar que um dos fatores primordiais para o crescimento pessoal é a presença de uma figura paterna, que sirva como exemplo. Para elucidar essa ideia, é relevante pontuar o que fala o médico e escritor Içami Tiba: a neuroplasticidade é o mecanismo que molda o cérebro, ou seja, a criança aprende copiando as ações de uma pessoa de confiança, os pais. Assim, é possível fazer uma íntima relação desse conceito com a realidade atual de muitas crianças que vivem em abrigos de adoção: muitas vezes esses jovens não frequentam escolas com estruturas que possibilitem seu desenvolvimento intelectual, além da ausência da figura exemplo. Logo, a ausência do processo de adoção promove a carência intelectual e moral no desenvolvimento das crianças e adolescentes que vivem em orfanatos.       Já quanto ao segundo aspecto, é importante discutir os efeitos que os impasses no processo de adoção causam na sociedade. A fim de entender essa ideia, vale recorrer à teoria de "desalento" do sociólogo Thomas Hobbes. Consoante o teórico, o desalento é quando uma pessoa esta triste devido à convicção de falta de poder. É possível, então, perceber uma triste ligação entre a teoria descrita e o que ocorre quando os jovens deixam as casas de adoção: a dificuldade para conseguir emprego é a principal dificuldade desse grupo, e justamente por se sentirem sem poder, entram em desarmonia com o meio em que vivem. Portanto, é nítido que esse é um fator desagregador, que finda por acirrar os problemas já latentes na sociedade.       Em suma, é urgente pensar em uma forma de combater essa problemática. Para isso, o Governo Federal deve promover reformas e reestruturações no processo de adoção no Brasil. Essas reestruturações podem ser: tornar o processo judicial mais ágil e eficiente, para diminuir o tempo de espera por questões burocráticas; criar programas de reinserção social para os jovens que se encontram no estado de desalento; e ainda, criar iniciativas que ajudem a desmistificar a adoção, visto que em muitos lares esse processo ainda é um tabu. Isso sendo feito, consequentemente, com a finalidade de diminuir os desafios dos procedimentos de adoção, para, assim, facilitar a formação de uma sociedade mais harmônica e saudável.