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Enviada em: 28/05/2019

Lion é um filme mundialmente premiado que trata a história de Saaro, um garoto indiano que passou a morar na rua após perder-se de sua família, e posteriormente é adotado por um casal australiano. Contudo, longe das telas do cinema nem todas crianças abandonadas encontram um lar, como no caso do contexto contemporâneo brasileiro, onde cerca de cinco mil crianças estão sob tutela do Estado e moram em abrigos até completar a maioridade. Esse número alarmante de crianças sem lar se deve aos impasses no processo de adoção no Brasil, sobretudo, quebra de expectativa entre perfil desejado de futuros pais diante dos futuros filhos adotivos e as crianças que de fato estão esperando serem adotadas.    Atualmente, no território nacional há cerca de 40 mil brasileiros interessados em adotar, contudo, essas pessoas buscam um perfil muito restrito. Um dos impasses no processo adotivo é a idade das crianças. Aqueles que entram na fila da adoção buscam integrar a família com membros de até sete anos, segundo dados do Conselho Nacional de Justiça, todavia, isso corresponde somente a 680 de quase cinco mil crianças que esperam ser adotadas, ou seja, 10%. Portanto, um dos impasses que da adoção no Brasil é a idade das crianças, pois acima de determinada idade não se encaixam no perfil dos brasileiros que estão na fila da adoção.   Contudo, a idade não é a única variável que dificulta o processo de adoção, mas também há a exigência se de adotar filhos únicos. Segundo o Cadastro Nacional de adoção, quase 66% dos brasileiros que querem adotar são seletivos e não querem acolher crianças que tenham irmãos. No entanto, a maioria daqueles que estão sob tutela do Estado esperando serem adotados têm irmãos, chegando num número de 65% do total de crianças e adolescentes. Assim, menores de idade que possuem irmãos são muitas vezes fadados a viverem em abrigos pois não se encaixam no perfil exigido de ser filho único, que torna-se outro impasse no processo adotivo de milhares de crianças brasileiras.    Logo, pode-se observar que os problemas na adoção no Brasil é o reflexo de um choque entre expectativa e realidade daqueles que entrem na fila de adoção, mas precisa ser superado. O Ministério Público poderia adicionar em uma das etapas do processo de adoção palestras com distribuição de cartilhas informativas que revelem o perfil das crianças e adolescentes que esperam ser adotados hoje, a fim de incentivar as pessoas a serem mais flexíveis em relação à idade ou irmãos. O Ministério da Mulher, Família e Direitos Humanos também poderia investir em publicidade através dos meios de comunicação tratando do tema adoção, com o intuito de de celebrar a diversificação da família atual e incentivar brasileiros à acolherem o próximo, independente de cor, idade, raça ou gênero.