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Enviada em: 29/05/2019

Na série norte-americana ''The Fosters'', é retratada a história de uma família fora dos padrões conservadores, composta por duas mães e cinco filhos adotados. O programa televisivo mostra principalmente, os óbices enfrentados pela família, como o preconceito e os desafios na luta para obter a guarda judicial dos menores. Desse modo, tal ficção, parece fazer alusão ao dilema da realidade brasileira no processo adotivo. Nesse contexto, a fim de compreender e atenuar os impasses no processo de adoção no Brasil, cabe analisar os preconceitos vigentes no processo, como também a burocratização do sistema judiciário.   Primordialmente, observa-se que a demanda de famílias em busca de crianças para adoção tem crescido significativamente. No entanto, no processo legal, muitas famílias impõem condições que deixam explícitos preconceitos em relação a raça, idade e sexo - a preferência é por menores brancos, com até três anos e do sexo feminino, alegando que as mesmas são mais fáceis de lidar - Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA), revelam que existem hoje cerca de 5.500 crianças em condições de serem adotadas e quase 30 mil famílias na lista de espera. Contudo, a exigência por parte dos cadastrados torna o sonho delas de ser pai ou mãe mais distante da realidade.    Outrossim, a burocracia do sistema de adoção é um grande entrave no processo legal, uma vez que o Poder Executivo é extremamente lento na avaliação das famílias aptas. Tal óbice, ocorre muitas vezes, pela insuficiência de profissionais que executam as regulamentações exigidas pela Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), causando a desistência dos interessados, ocasionando a permanência de crianças e adolescentes nos orfanatos. Além disso, vale salientar as dificuldades e os obstáculos que os casais homoafetivo sofrem para adotar uma criança ou um adolescente, havendo uma intolerância  velada de muitos dos juristas. Revelando assim, um pensamento do filósofo conservador Edmund Burke, de que quanto maior o poder, mais perigoso é o abuso.   Portanto, é mister que o Estado tome providências para amenizar o quadro atual. Cabe ao Ministério da Família em conjunto do Ministério da Educação, promover propagandas, palestras e grupos de apoio, com ajuda de profissionais - psicólogos e orientadores - no intuito de conscientizar as famílias da importância da adoção sem distinção de raça, idade ou sexo. Urge, ainda que o Sistema Judiciário melhore a agilização do processo legal, utilizando de uma maior equipe de assistentes sociais e profissionais do ramo, imprescindíveis para avaliar corretamente casos de perda do poder familiar, guarda, adoção e tutela, visando antes de tudo, o bem estar dos menores, sem qualquer distinção para com as famílias cadastradas.  Assim, os impasses desse processo continuarão apenas na ficção.