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Enviada em: 27/06/2019

Em "As alegrias da maternidade", da nigeriana Buchi Emecheta, é apresentada uma protagonista que vive em uma sociedade tribal, onde as tradições sociais são muito consolidadas; e onde o sistema patriarcal, motor da submissão feminina, era responsável por criar a necessidade da mulher gerar filhos homens. É nesse contexto que se destaca um deplorável obstáculo para a adoção: a idealização das crianças como uma construção social, em detrimento de sua humanidade.    Em primeiro lugar, é necessário destacar como os esteriótipos prejudicam a adoção de crianças com potência para se tornarem minorias. Crianças com traços indígenas, negras, meninas e crianças com algum tipo de deficiência, apresentam menor probabilidade de encontrar um lar, como pode ser percebido analisando os dados do Cadastro Nacional de Adoção. Esse obstáculo é ainda mais considerável quando consideramos a porcentagem de negros na absoluta pobreza, fator que potencializa o abandono, e por sua vez aumenta o número de crianças para adoção.     Em segundo lugar, é de suma importância abordar as barreiras que ainda existem na adoção por parte de casais homoafetivos. Se por um lado nos últimos anos o Brasil tem avançado nos direitos destes casais, por outro a sociedade de modo geral ainda vê com maus olhos adoções desse tipo, principalmente quando se trata de crianças do mesmo gênero. Grande parcela tradicional da população se esconde em sua hipocrisia, à medida que desconsideram todas as crianças que são submetidas a condições precárias de educação e saúde, com famílias desestruturadas; mas criticam a adoção homoafetiva, que pode permitir que muitas crianças tenham qualidade de vida.     Finalmente, percebe-se a necessidade de quebrar esteriótipos tanto no que tange às crianças, quanto às famílias. Portanto, cabe ao Ministério da Família, Mulher e Direitos Humanos, em consonância com o MEC, trabalhar quebrando esses preconceitos. É essencial que hajam medidas como a divulgação da realidade de muitas crianças faveladas brasileiras no meio escolar, seja por meio de oficinas, seja por meio de palestras. Ainda, é interessante que o sistema de apadrinhamento seja mais divulgado, permitindo que as crianças que não foram adotadas, recebam recursos afetivos e financeiros.