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Enviada em: 24/06/2019

Em “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, o protagonista Pedro Bala, atua incessantemente á procura de ser acolhido por uma família. Embora seja uma obra ficcional, o livro apresenta características que se assemelham no contexto atual brasileiro, tendo em vista que muitas crianças e adolescentes estão a espera de um lar. Indubitavelmente, isso é consequência da grande burocratização do processo de perfilhamento e da personificação da criança a ser filiada. Destarte, faz-se pertinente debater acerca dos impasses no processo de adoção no Brasil.       Em primeiro plano, vale ressaltar que o processo de adoção passa por diversas etapas rigorosas para garantir que a criança terá todo o suporte necessário, porém, o excesso de tramites administrativos acarretam em empecilhos para todos os envolvidos. Segundo uma pesquisa da Universidade de São Paulo, 63% dos pretendentes que esperam na fila desistem de adotar devido à absurda demora dos procedimentos. Verifica-se, portanto, a necessidade de providenciar meios para mitigar essa mazela.        Outrossim, cabe salientar que o Cadastro Nacional de Adoção registrou, em 2018, um cenário de doze vezes mais interessados do que jovens disponíveis para a adoção, porém os interessados de acordo com o Conselho Nacional de Justiça, procuram crianças de pele clara, sem irmãos, sem deficiência e menores de 7 anos. Entretanto, essa não é a realidade da maioria das crianças dos orfanatos brasileiros. Dessa maneira, intui-se que os impasses no processo de adoção não são resultado apenas da demora nos procedimentos, mas, também, da exigência de uma feição específica por conta dos interessados.       Diante desse panorama, faz-se imprescindível a tomada de medidas ao entrave abordado. Para tanto, cabe ao Estatuto da Criança e do Adolescente juntamente com Conselho Tutelar, como instâncias máximas dos aspectos de perfilhamento,  criar estratégias para agilizar o processo adotivo a fim de evitar a burocratização extensa. Essa ação pode ser feita por meio de programas digitais e formação de profissionais especializados para agilizar a papelada. Além disso, é de suma importância que o poder midiático promova a quebra desses esteriótipos, através de campanhas de incentivo à adoção de menores - independente de suas características - por meio de novelas, séries e telejornais  com a intenção de assegurar lares adotivos para todas as crianças na fila e diminuir as exigências de determinados perfis. Espera-se com isso que a história de Pedro Bala se restrinja a ficção.