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Enviada em: 20/06/2019

O livro “Capitães de Areia”, de Jorge Amado, ficou marcado pelo seu viés de retratar a invisibilidade social de jovens no “trapiche” em busca de um lar, no qual seu personagem principal, Pedro Bala, atua incessantemente á procura de ser acolhido por uma família. De modo semelhante à obra, o Brasil enfrenta dificuldades em promover altos índices de adoções entre jovens e crianças em todo seu território. Nesse sentido, faz-se urgente a alteração desse cenário, em que o preconceito enraizado no meio público, e a lentidão judicial são fatores preponderantes para essa questão.     Em primeiro lugar, vale destacar as consequências da discriminação perpetuada no corpo social. De acordo com o filósofo Jonh Locke, em sua “Teoria da Tábula Rasa”, retrata que os indivíduos são preenchidos por experiências positivas e negativas que afetam todo seu desenvolvimento. A partir dessa visão, decorrente do preconceito fixado ao meio social, inúmeros indivíduos ao declararem interesse para adoção são alvos de banalizações e marginalizados, pela comunidade ao seu redor. A permanência dessa rejeição colabora para proliferação de filas de espera em centros de adoções. Como consequência dessa intolerância na solicitação de guarda desses jovens, esses adolescentes se tornam reféns a um esquecimento social em prol de sua sobrevivência. Ocasionando, assim, o desencadeamento de problemas psicológicos e sociabilidade, ao afetar diretamente o desenvolvimento psicossocial dessa juventude.     Além disso, a morosidade judicial em conceder a adoção a casais homoafetivos contribui para essa problemática. De acordo com o jornal O Globo, cerca de 20% de casais homoafetivos conseguem na jurisdição o direito para adotarem crianças, sendo que, muitas vezes, esses casais não obtêm essa autorização, em virtude do “tabu” existente no meio jurídico, em acreditam que estrutura familiar homoafetiva, afetaria o desenvolvimento cognitivo da criança. Tendo como consequência dessa lentidão do judiciário, em conceber a adoção a indivíduos homoafetivos, colabora para que outros casais se sintam desencorajados no processo de adoção. Ao retratar, assim, um esquecimento público, no qual esses casais homossexuais têm seu direito de adoção invisíveis aos olhos do corpo social.     Nesse sentido, portanto, faz-se necessária adoção de medidas a fim de minimizar esse problema. O Estatuto da Criança e do adolescênte, deve promover campanha mensais em redes sociais e distribuição de cartilhas sobre dúvidas mais frequentes, com o objetivo de evidenciar os benefícios de adoção e reduzir a intolerância. Outra articulação possível seria, o Ministério da Justiça, implementar mutirões judiciais semestrais , com o intuito de potencializar os processos de adoção por casais homoafetivos. Para que, assim, a visão da obra “Capitães de Areia” seja desconstruída.