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Enviada em: 07/08/2019

Na obra "Modernidade líquida", Zygmunt Bauman afirma que o individualismo  é uma das principais características da pós-modernidade e, em consequência disso, grande parcela da população tende a ser incapaz de aceitar diferenças. Analogamente, a crítica do sociólogo é observada na realidade brasileira, em que o processo de adoção de crianças e adolescentes se mantêm permeado pela exigência dos futuros pais por um perfil específico, além da burocracia por parte do Estado, que muitas vezes desencoraja possíveis adoções. Assim, é necessário analisar as causas da problemática em busca de soluções. Segundo Platão, o importante não é viver, mas viver bem. Dessa forma, a qualidade de vida é de suma importância para o desenvolvimento do indivíduo. Todavia, ao examinar o dia a dia dos orfanatos brasileiros, nota-se alarmante preferência por bebês de até quatro anos que sejam brancos e livres de problemas de saúde, mas esses constituem uma ínfima parte do número de órfãos. Por essa razão, crianças negras ou portadoras de deficiência ficam fadadas a permanecerem nas instituições até alcançar maioridade, quando são obrigados a viverem por si mesmos. Destarte, tais jovens continuam privados do ideal platônico.  É incontestável, ademais, que os aspectos governamentais estejam entre os principais motivos pelos quais a adoção no Brasil se mantêm inalcançável para alguns cidadãos. De acordo com a Constituição Federal atual, não há empecilhos concretos no que tange casais homoafetivos, porém, dados recentes comprovam, infelizmente, a resistência firmemente estabelecida. Dessa forma, milhares de crianças permanecem à espera de um lar.  Infere-se, portanto, que esses entraves sejam liquidados. Para  tanto, o Estatuto da Criança e do Adolescente deve dedicar-se à elaboração de projetos capazes de facilitar este processo, por meio de campanhas informativas que irão mudar o imaginário individualista, não somente dos futuros pais, mas de toda a sociedade brasileira.