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Enviada em: 24/08/2019

Em "Depósitos dos rejeitados", canção produzida por Eduardo Taddeo, retrata-se a realidade dos orfanatos brasileiros, com a finalidade de se realizar uma crítica a conivência comunitária, para com a exclusão de crianças e adolescentes que não atendam o "perfil" desejado. Embora artístico, tal realidade destacada representa a empiria de milhares de jovens que aguardam a adoção, processo este apesar de regulamentado, não apresentar os resultados necessários. Por consequência, a ausência do contexto familiar tende a afetar negativamente o indivíduo em sua construção social. Desta forma, é fundamental analisar as razões que tornam essa problemática existente.  Em primeiro lugar, cabe destaque ao impacto psicológico sofrido por crianças e adolescentes que não concretizam a adoção. Segundo o filósofo Immanuel Kant, o homem é oque a educação faz dele, logo, fica evidente a importância familiar na constituição pessoal. Nesse sentido, a juventude decorrida ausente de vínculos afetuosos, acaba por impossibilitar o desenvolvimento pleno da ética e moral individual. Deste modo, esse grupo tende a assimilar e replicar com maior facilidade condutas socialmente inapropriadas.   Além disso, as preferências de pretendentes à adoção mostram-se destoantes da realidade. Nesse contexto, jovens disponíveis para o perfilhamento tem suas chances definidas por fatores como etnia, idade e número de irmãos. Tal lógica cruel inviabiliza os anseios de muitos, por exemplo, dados do CNA (Conselho Nacional de Adoção ) apontam a existência aproximada de 42 mil candidatos ao processo adotivo, sendo exigido por 14% destes exclusividade branca; entretanto, o número de crianças cadastradas aponta que 7 em cada 10 se classificam como não-brancas. Dessa maneira, tal quadro evidência a necessidade de solução para esse impasse.  Portanto, afim de desconstruir uma visão equivocada de candidatos ao processo de adoção, ao quanto a exigências que eliminem a chance de milhares de crianças, se faz necessário uma atuação do Ministério da Cidadania e representantes do Poder Público. Esse deverá atuar na conscientização da população, através de campanhas publicitárias, tais ações devem expor a realidade e valorizar os vínculos de afeto. Ademais, governantes de seus estados devem atuar se baseando em estudos prévios, em ações que minimizem o impacto sofrido por jovens, em sua construção ética e moral, no período em que permanecem em abrigos. Desta forma, será possível a existência de um sistema de perfilhamento mais eficiente, onde jovens necessitados sejam bem sucedidos em obter uma família.