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Enviada em: 21/08/2019

Amor não vem apenas do ventre!       O caso biblico de Moisés - retirado das águas e acolhido pela filha do faraó como um dos seus- evidencia que a sobrevivência de um bebê se deu graças a um amor não-sanguíneo. A partir do conto, entende-se a importância do processo adotivo por sua capacidade de dar ao outro uma segunda chance e a possibilidade de um futuro decente. No Brasil, a busca de famílias pela guarda de crianças e jovens é um número expressivo, no entanto, a regulamentação da adotação é prejudicada por vários fatores, sendo eles jurídicos, físicos e temporal, agravando assim a dissolução desse problema.       Não deveria ser assim. Um dos maiores entraves para a legitimação do processo no país se dá também por conta de toda burocracia envolvida. Aqui, é feita uma pesquisa socioeconômica e psicológica fundamental para saber se há condições de criar uma criança naquele espaço, porém o atraso no resultado e a demora nos tramites legais ocasionam uma desistência dos futuros pais. Outra problemática se dá por conta do número de filhos a serem adotados. Em geral, os casais interessados procuram por um ou dois, todavia, alguns meninos possuem irmãos de sangue ou já criaram laços afetivos pelos colegas e a separação é traumática, dificultando ainda mais a aproximação do cônjuges.       Somado a isso, outro ponto preocupante nessa acolhida é tempo de permanência dos jovens nos abrigos. Casas de adoção brasileiras recebem desde bebês recem-nascidos até jovens mais maduros e os acolhem até 18 anos, porém, a procura por crianças de até dois anos é uma preferência e acaba por excluir os mais velhos, superlotando as casas, pois estes são a maioria. A exigência dos candidatos por um certo tipo de perfil atrapalha o desenrolar do acolhimento. Destacam-se a busca de crianças do sexo feminino, além da cor de pele clara, sem problemas de saúde e deficiências, fato que é um entrave para achar uma lar a esses meninos e meninas, pois a medida que amadurecem, vêem suas possibilidades de tutela serem reduzidas e bem como seu tempo no abrigo.       É possível, contudo, reverter tal situação. Primeiramente, é necessário que os candidatos a adoção entendam o quão é importante dar amor, carinho e atenção a qualquer desses menores e tal postura se dá com acompanhamento psicológico no momento de entrada com os papéis na vara de infância. Além disso, é preciso que órgãos públicos conversem entre si e criem um sistema mais rápido e eficiente, dando mais espaço ao legislativo para dar guardas provisórias e dessa forma, criar e firmar laços entre futuros pais e filhos; ademais, é preciso criar nas escolas rodas de apoio à família para que haja diálogo e a compreensão entre pais e os filhos de sangue e os de coração. Assim, essas crianças terão acesso a tudo que lhes é de direito e o desamparo será, por fim, só um "bicho-papão".