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Enviada em: 04/06/2017

Estarrecedor, nefando, inominável, infame. É preciso gastar logo os adjetivos porque eles fracassam em traduzir o sentimento que os fatos impõem. Infelizmente, a impunidade é uma realidade da sociedade brasileira desde o início de sua formação. O que na prática, torna a frase dita por Hobbes, uma verdade indesejada: "o homem é o lobo do homem".       Cabe aqui pontuar, que o Estado tem sua parcela de culpa, já que ele foi criado, segundo Hobbes, para regular o caos gerado pelos agrupamentos humanos. O que de fato, não ocorre. O que se nota é a feitura de leis em desfavor dos menos abastados, e a aplicação lenta ou questionável delas, favorecendo uma minoria. Isso contribui para construção de um " Estado de exceção", onde o que vale para um não se aplica ao outro.       É importante salientar também, que o dolo não é apenas do Estado, mas da sociedade civil como um todo, com o chamado "jeitinho brasileiro". Este, é notório quando se fura fila, pede-se a um amigo um favorecimento num processo seletivo de emprego ou em outra situação, enfim, o brasileiro tem a fama de usar a malandragem para burlar regras. É triste admitir, mas, boa parcela dos governantes da nação "canarinho" são reflexos, em parte, da sociedade que os elegeram.        Como então, solucionar o celeuma da impunidade? Seria de bom senso: 1) Uma ação do Estado promovendo o modelo proposto pelo pedagogo Paulo Freire de uma educação politizadora, gerando cidadãos mais críticos e conscientes quanto aos seus papéis na sociedade, seus direitos e deveres; 2) A promulgação e aplicação de uma legislação que venha dirimir a lentidão e burocracia do sistema punitivo e; 3)  A população precisa participar cumprindo e exigindo a aplicação das leis.       Enfim, a curto prazo, a ação direta do Estado é fundamental, mas no médio e longo prazos, só o protagonismo da sociedade civil pode render frutos duradouros no combate à impunidade. Afinal, como dizia o líder Ghandi, nosso futuro dependerá do que fazemos com o nosso presente.