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Enviada em: 15/10/2017

Nacionalismo envergonhado      Na obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, do escritor Lima Barreto, o protagonista acredita fielmente que seria apenas uma questão de tempo até o Brasil converter-se em uma nação desenvolvida. Hodiernamente, porém, é provável que Policarpo reconsiderasse sua posição, pois a impunidade institucional, situação muito frequente no país, é um dos aspectos mais lamentáveis que podem existir em uma sociedade. Esse cenário perdura, principalmente, por falhas pedagógicas somadas à ganância humana.        Primeiramente, é notório que o a educação deficiente está entre as raízes do problema. De acordo com o poeta e ensaísta inglês Joseph Addison, a educação é para a alma o que a escultura é para um bloco de mármore. Nesse contexto, pode-se entender que o ensino é responsável por moldar o homem, seja em sua personalidade seja em suas relações sociais. Desse modo, o principal motivo da corrupção de juízes, promotores, delegados e outras autoridades é o fato do sistema educacional brasileiro ainda ser majoritariamente voltado para o mercado de trabalho em vez de valorizar a cidadania e a responsabilidade social. Além disso, a ambição desenfreada é um agente intensificador desse fenômeno.        Segundo Mahatma Gandhi, na terra há o suficiente para satisfazer as necessidades de todos, mas não há o suficiente para satisfazer a ganância de alguns. Desse modo, muitos indivíduos subvertem seus valores éticos e morais para não denunciarem crimes que presenciaram, tanto na esfera pública quanto privada, em busca do lucro que subornos e propinas podem proporcionar. Tal aspecto, longe de ser um inato à natureza humana, é fruto do ideário vigente no Brasil contemporâneo que privilegia o consumo em detrimento da sustentabilidade.         Denota-se, portanto, que a impunidade é uma grande falha institucional e precisa ser combatida. Posto isso, é imperativo que o Estado atue para amenizar a problemática. Ao Ministério da Justiça, compete instituir multas mais severas, acima do percentual subtraído pelo criminoso e também tornar crime inafiançável o ato de aceitar subornos e propinas, objetivando desestimular o pensamento de que o crime compensa. Paralelamente, o Ministério da educação, deverá incluir na Base Nacional Comum Curricular a disciplina de “moral e cidadania”, com intuito de formar jovens mais éticos e conscientes. Assim, construir-se-á o Brasil que Policarpo Quaresma tanto exaltava.