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Enviada em: 03/07/2018

Inclusão para o consumo e não para a cidadania.          A tecnologia nunca se fez tão presente no dia a dia como nos últimos anos. Tablets, computadores e celulares conectam as pessoas ao mundo e permitem o acesso a diversos serviços e informações. No entanto, o Brasil está longe da democratização do acesso à internet, seja pela falta de estrutura socioeconômica e de investimentos na área de telecomunicações em algumas regiões do país, seja por um histórico de incentivo fiscal errôneo aos celulares.            Segundo dados da pesquisa publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), menos da metade dos domicílios brasileiros possui acesso à internet. Isto decorre, principalmente, da desigualdade social regional que se instalou no Brasil desde a colonização e vem afetando o desenvolvimento de regiões mais remotas até os dias atuais. Como resultado desse processo, a falta de estrutura e investimentos em setores básicos, como saúde e educação, põe a promoção da telecomunicação em segundo plano e impede a inclusão digital no país.       Ademais, outro fator que corrobora para a atual desconexão do país é o histórico de incentivo fiscal aos dispositivos móveis, com pacotes de dados caros e limitados, em detrimento dos computadores com conexões banda larga. Nesse sentido, ao longo dos anos, criou-se um cenário de baixo desenvolvimento de produção, programação e disseminação de conteúdo. Em decorrência desse processo, a inclusão digital, escolhida pelo Brasil, teve como objetivo o consumo, e não a promoção da cidadania, da economia e do fortalecimento da democracia. Como resultado desse processo, pode-se destacar o despreparo para o mercado de trabalho de parte da população causado pela carência de habilidades requeridas pela economia digital.       Nesse ínterim, medidas são necessárias para reverter este cenário preocupante no país. Convém, portanto, que, primordialmente, o Estado, juntamente com a Secretária de Telecomunicações, amplie o incentivo fiscal aos computadores, garantindo acessibilidade de compra e, por meio de rede de internet gratuita em pontos de todas as cidades do país, permita o uso por toda a população. Ainda cabe ao Poder Público, representados pelos governos, o investimento, tanto em setores básicos, como na telecomunicação, aumentando a abrangência do acesso à internet e, consequentemente, da inclusão digital. Sob tal perspectiva, poder-se-á construir um Brasil mais conectado.