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Enviada em: 01/11/2018

A gigante máquina, criada por Alan Turing, decodificadora de mensagens enviadas durante a Segunda Guerra Mundial, foi modificada ao longo dos anos e transformou-se em uma das grandes invenções mundiais: o computador. Entretanto, embora a associação desse à internet tenha interligado pessoas e países, percebe-se que de outro lado também gerou uma segregação de parte da população, que não é incluída digitalmente. Desse modo, a problemática persiste, sendo necessário compreender suas causas ligadas à Globalização bem como suas consequências.       É importante notar, a princípio, que o acesso às redes de internet por somente uma pequena parcela populacional é um fator preponderante para a manutenção do problema. Nesse sentido, apesar dos enormes avanços no meio informacional, é explícito que esse se restringe à posse de civis de classes mais abastadas em detrimento dos mais pobres, fato que é perceptível ao analisar dados fornecidos pela FGV, em que quase metade da população brasileira não possui acesso a tais tecnologias. Nesse sentido, o panorâma supracitado vai ao encontro dos ideais propostos por Milton Santos, em que o geógrafo crê que por trás da suposta "aldeia global" gerada pós Globalização, existe, na realidade, um paradoxo, pois tal fenômeno também gera uma parcela de marginalizados: os pobres.      Consecutivamente, é necessário perceber, ainda, que essa má inclusão digital é também responsável por diversos impactos de caráter social. Dessa maneira, ao impedir que as classes mais desfavorecidas possuam meios de se interligar ao mundo e com as demais pessoas, acaba-se retirando dessas seu direito à expressão. Nesse aspecto, segundo o professor Nick Couldry, em sua teoria da desigualdade da fala, ao ser retirada a capacidade de expressão das minorias estamos as relegando à invisibilidade, de modo que a democracria é rompida. Dessa forma, além das relações interpessoais, os indíviduos excluídos digitalmente deixam de ter acesso à trocas socioculturais, ao conhecimento, e, principalmente, ao direito de exercer seu papel como cidadão.        Torna-se evidente, portanto, que medidas enérgicas devem ser feitas a fim de atingir a meta nacional de inclusão digital. Sob essa perspectiva, cabe ao Ministério da Ciência e Tecnologia o papel de implantar lan houses públicas em cada municipio por meio do redirecionamento de verbas adquiridas via impostos, além da participação de profissionais da área tecnológica sob comando e ajuda no processo de inclusão digital, com o fito de incluir toda a parcela populacional às redes. Similarmente, a sociedade civil deverá promover passeadas e manifestações com a finalidade de pressionar os demiurgos indiferentes à causa para a implementações de políticas públicas. Somente assim, a longo prazo, a grande invenção de Turing, será, finalmente, democratizada.