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Enviada em: 02/01/2019

O geógrafo brasileiro, Milton Santos, separou o Brasil em regiões conforme o acesso aos meios técnico-científico-informacionais disponíveis. A partir dessa regionalização, depreende-se que o país é marcado por uma forte desigualdade entre as unidades federais. Isso é uma consequência da abismal desigualdade social que permeia o Brasil e afeta a capacidade de inclusão digital de várias pessoas.                    Primeiramente, o escritor e ativista político, Noam Chomsky, versa sobre a retroalimentação existente na dinâmica entre poder e riqueza. O pensador afirma que há uma intensificação na concentração de renda, pois afirma que o capital de um indivíduo rico pode ser usado para obter influências políticas que o beneficie, como a diminuição de impostos sobre ele. Outrossim, essa elite consegue financiar educação e infraestrutura (como internet) de melhor qualidade para suas crianças, o que corrobora, também, para maiores vantagens na obtenção de renda no futuro.                    Por esse prisma, tais fatos convergem para outra ideia de Milton Santos: o capitalismo e suas tecnologias são perversos. Para alguns, que possuem uma reserva monetária substancial, são fornecidos benefícios e privilégios por meio do acesso aos meios digitais, que os permitem encontrar culturas, experiências e ideias diferentes, o que proporciona um enriquecimento intelectual. No entanto, os destituídos dessa reserva não possuem acesso a tais benefícios. Logo, de modo mais amplo, a democracia é afetada, visto que os marginalizados do mundo digital não têm as mesmas chances de desenvolvimento, contribuindo para o ciclo vicioso enunciado por Noam.                Em síntese, o Estado, como defensor da democracia, necessita formalizar políticas de impostos sobre grandes fortunas, cujo objetivo é arrecadar verba para financiar projetos de inclusão digital, como a instalação de pontos de acesso à internet em locais públicos, como parques, ao longo de todo território nacional. Ademais, a educação, como instrumento transformador da realidade, deve, por meio das escolas, ensinar as ideias de Noam e Milton, no intuito de conscientizar a população para que pressões coletivas sejam exercidas, para que políticas que amenizem as desigualdades sociais, como a valorização de escolas públicas, sejam feitas. Enfim, a sociedade deve formar agremiações de doações de produtos eletrônicos funcionais a lugares carentes, visando incluir digitalmente as classes sociais desprivilegiadas.