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Enviada em: 05/10/2017

Ao descortinar o século XX, a contemporaneidade, marcada pela revolução técnico-científica, permitiu a consolidação dos meios de comunicação, em especial a internet, como importante ferramenta com potencial transformador e de interação social. Ao mesmo tempo, a paulatina acentuação das desigualdades socioeconômicas, proposta pelo desenvolvimento, promoveu a sustentação de obstáculos para a inclusão digital no Brasil, ilustrando as contradições da modernização.               Em primeira análise, é válido ressaltar os efeitos da internet no meio social. A esse respeito, relaciona-se o maior envolvimento das relações interpessoais e profissionais com o meio virtual, possibilitando a difusão de informações, posicionamentos críticos, ativismo político, a exemplo das manifestações de junho de 2013, e o amplo acesso às oportunidades e serviços em geral. Isso se mostra nos mecanismos atuais de distribuição de vagas de empregos e de cursos superiores, como os programas do Sisu e do ProUni, e os agendamentos online de atendimentos públicos.            Na esteira do processo de inclusão digital, alude-se à manutenção das fragilidades que convergem para a atuação da mídia, sob os moldes da indústria de massa. Isso porque, ao partir do proferido pelo filósofo Rousseau, que o homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado, pondera-se a interdependência de fatores como o poder aquisitivo, o acesso à rede virtual e a massificação comportamental e ideológica com o crescente anseio de inclusão na sociedade. Em corolário, a população vulnerável e as gerações antigas submetem-se ao abismo virtual, estagnado pelas dificuldades de inserção e de adaptação. Destarte, modela-se uma realidade de excludentes avanços, que se sobrepõem às mazelas sociais e à não garantia administrativa do direito humano básico da internet.         Torna-se evidente, portanto, os obstáculos para a consolidação da inclusão digital no Brasil. Sendo assim, é primordial que as responsabilidades sejam compartilhadas entre os segmentos do Poder Público, as organizações não governamentais (ONGs) e as escolas. Cabe às prefeituras municipais a execução de medidas que amplie o acesso à internet nas cidades, como a criação de bibliotecas públicas com navegação gratuita nos computadores e pontos de redes sem fios liberados em locais públicos movimentados. Ademais, as ONGs precisam mobilizar doações e recursos para a inserção tecnológica das populações carentes e participantes de programas sociais, por meio da oferta de computadores portáteis e celulares. É imperioso que as escolas, em parceria com as políticas públicas, orientem a utilização da internet em prol do desenvolvimento do senso crítico, com a realização de debates públicos e palestras especializadas, envolvendo as famílias e os idosos em processo de adaptação. A articulação dessa pluralidade é impreterível para a inclusão digital e para a afirmação da modernidade.